A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, rebateu nesta quarta-feira (1º) as críticas da campanha do PT que, em propaganda televisiva, relaciona Marina a políticos ligados à ditadura.
"As companhias que a presidente tem do [senador Fernando] Collor, do [senador José] Sarney, do [deputado Paulo] Maluf, do Renan Calheiros, do Jader Barbalho, e tantos outros, com certeza, essa sim é a verdadeira contradição", declarou a candidata na manhã de hoje, durante ato de campanha em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
Para Marina, o apoio desses políticos é uma contradição "profunda" da atual presidente.
— A contradição mais profunda que nós podemos encontrar na trajetória de pessoas que deveriam estar honrando essa trajetória.
As críticas de Marina se devem a mais recente peça publicitária petista, em que Marina é mostrada ao lado de políticos como Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes, líderes do extinto PFL (hoje DEM) e aliados do PSDB durante a gestão do presidente FHC (1995-2002).
Na gravação, idealizada pelo marqueteiro João Santana, Bornhausen é descrito como representante "dos ruralistas e dos banqueiros. Gente que vem lá do tempo da Arena e da ditadura".
Após o golpe de 1964, Bornhausen atuou como líder da Arena, o partido político que apoiou o regime militar. Fortes também era filiado ao partido, assim como Maluf e Collor, hoje aliados de Dilma.
Troca de acusações
Debaixo de sol forte, com a voz abalada e demonstrando aparente cansaço, a presidenciável foi recebida por cerca de 70 pessoas, em encontro organizado pela União de Moradores e do Comércio de Paraisópolis. Na comunidade de mais de 100 mil habitantes na capital paulista, Marina assistiu a uma orquestra formada por jovens e à apresentação de um grupo de bailarinas.
Assim como no dia anterior, Marina voltou a chamar a presidente de mentirosa, afirmando que ela não cumpriu a promessa de construir um hospital na comunidade.
A pessebista aproveitou ainda para cutucar a petista, que ontem acusou Marina de mentir sobre sua posição durante a votação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o que seria, nas palavras da presidente, um “desvio de caráter”.
— Falta de caráter é vir numa comunidade como essa, prometer um hospital e não cumprir depois de quatro anos. Isso sim é mentira. Mentira é se comprometer e não cumprir o que se comprometeu. Isso sim é mentira.
Na reta final de primeiro turno, Dilma e Marina elevaram o tom dos ataques pessoais. Na terça-feira (30), a ex-senadora declarou que a presidente “mente” quando diz não saber sobre “roubos na Petrobras.
Já Dilma afirmou ontem que a rival mentiu quando disse ter votado a favor da CPMF. Embora tenha declarado na atual eleição ter votado a favor, Marina votou contra o tributo, extinto em 2007, tanto na sua criação quanto na prorrogação.
“Estamos no 2º turno”
Em queda nas pesquisas eleitorais desde o início de setembro, Marina Silva minimizou o resultado dos levantamentos Ibope e Datafolha divulgados ontem. Ela aparece 14 pontos atrás de Dilma no Ibope (39% a 25%), e 15 no Datafolha (40% a 25%). O candidato do PSDB, Aécio Neves, também está cada vez mais perto, com diferença de 6 pontos, no Ibope, e 5 no Datafolha.
Apesar disso, a ambientalista afirmou que “a sociedade brasileira e eu já estamos no segundo turno”.
Questionada sobre qual estratégia adotaria para estancar a queda, Marina afirmou que continuará "debatendo o Brasil".
— Estratégia é ter um plano para o Brasil voltar a crescer.