Os bastidores do primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo tiveram Luiza Erundina (PSOL) ao relento e no frio, alfinetadas vindas de João Dória (PSDB), exaltação a nível militar do Major Olímpio (SD), climão no cumprimento final entre Marta Suplicy (PMDB) e seu ex-colega de partido Fernando Haddad (PT) e contemplação por parte de Celso Russomanno (PRB), que foi pouco indagado pelos seus adversários.
Antes mesmo do debate começar, um grupo se reuniu em frente à sede da TV Bandeirantes, no Morumbi, zona sul de São Paulo, para protestar contra a nova lei eleitoral, que determina a obrigatoriedade da participação em debates na TV apenas para candidatos de partidos com mais de nove representantes na Câmara. A regra se aplica à candidata Luiza Erundina (PSOL) que, ao lado de seu vice, o deputado Ivan Valente, passou ao menos duas horas ao relento, em cima de um carro de som, em um ato que contou com cerca de 100 pessoas.
Na hora do debate, a candidata foi para um local mais confortável para fazer comentários, que foram transmitidos ao vivo pelo Facebook. O frio e a garoa cortavam à noite, deixando alguns dos presentes na manifestação preocupados com a saúde de Erundina, que está com 81 anos. Com ela sã, salva e quentinha, tomando um refresco e comendo pães de queijo, muitos de seus admiradores ficaram mais tranquilos.
No mesmo local, apoiadores do candidato Celso Russomanno empunhavam bandeiras e falavam a respeito do apoio do candidato ao se manifestar a favor da participação Luiza Erundina no debate. Nos bastidores, chegou a ser cogitado que Russomanno não participaria do evento em solidariedade à colega, ao qual ele chama de "amiga pessoal". Porém, o candidato decidiu participar e, sempre que teve uma oportunidade, falou sobre a ausência da candidata.
Nas redes sociais, os internautas notaram que Russomanno foi "esquecido" pelos adversários. O candidato afirmou que não teve todas as oportunidades de falar e que também não foi questionado sobre as principais questões que mais afligem os moradores de São Paulo. Além disso, Russomanno endossou que não faz a linha de quem ataca as pessoas e sim os problemas. O semblante e a voz calmos também chamaram a atenção dos internautas nas redes sociais, que diziam que é a "serenidade de quem já ganhou".
O candidato Major Olímpio (SD) era, de longe, o mais animado e ansioso para entrar em um embate. Ao R7, ele atribuiu seu jeito incisivo à sua paixão pela cidade e não à sua formação militar. Olímpio foi o primeiro a chegar, mas foi ofuscado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que chegou pouco minutos depois. Olímpio era só sorrisos no pulpito, local onde desferiu algumas alfinetadas em seus adversários e, em alguns momentos, subiu o tom de voz, principalmente na hora de atacar Haddad, por ele ser do Partido dos Trabalhadores.
Mas as principais trocas de farpas foram entre João Dória (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB). A senadora começou falando sobre Dória ter chamado pessoas com deficiência de "penduricalhos". Mas Dória passou a régua ao relembrar o apelido "Martaxa", que a candidata ganhou quando foi prefeita de São Paulo, por criar diversas novas taxas, entre elas, a do lixo. Dória também chegou a tratar Marta como se ela ainda fosse filiada ao PT.
O climão ficou por conta dos ex-colegas de partido Marta e Haddad. Após o fim do debate, os candidatos se cumprimentaram. A dupla foi a última a se encontrar. Enquanto Marta retribuía o beijo no rosto que ganhou de Haddad com um sorriso e uma tentativa de troca de olhares, Haddad simplesmente encostou seu rosto no dela e não a olhou em nenhum momento. O pequeno constrangimento foi visível, mas breve.