Os ataques indiretos a adversários marcaram o terceiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na tarde deste domingo (18).
O debate foi promovido pela TV Gazeta, pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela rede social Twitter. Seis candidatos participaram do programa: Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria Jr. (PSDB), Fernando Haddad (PT), Luiza Erundina (PSOL) e Major Olímpio (SD).
Durante o debate, os ataques a adversários foram, em geral, feitos durante questões a outros concorrentes, impedindo que o alvo direto pudesse se defender na hora — tática conhecida como "dobradinha".
Além disso, os candidatos tiveram de responder diversas questões não sobre suas propostas, mas sobre as atitudes de seus padrinhos políticos ou de integrantes de seus partidos.
Dobradinhas
Em questão endereçada a Doria, Marta explorou a falta de vagas em creches para criticar a gestão Haddad na educação. “E precisamos de uma gestão mais conjunta entre as creches da Prefeitura e conveniadas, pois há diferença de qualidade”, acrescentou.
Haddad também atacou Marta de forma indireta, ao questionar Erundina sobre as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo Michel Temer, afirmando que a candidata do PMDB havia manifestado recentemente apoio às medidas.
Assim como Haddad, Erundina mostrou-se crítica às reformas apoiadas por Marta. E atacou o governo peemedebista. “É um destruidor das conquistas do povo brasileiro”, afirmou a candidata do PSOL referindo-se a Temer.
Padrinhos
As questões mais diretas foram as feitas por jornalistas e pelos internautas. Marta e Haddad foram questionados sobre os escândalos de corrupção que envolvem seus colegas de partido.
Marta disse ter escolhido o PMDB por, entre os grandes partidos, por ter sido a legenda que melhor lhe ofereceu condições de atuar. Ela aproveitou e alfinetou o PT: “Eu saí do PT porque estava decepcionada não só com os casos de corrupção, mas também com o projeto de poder do partido”, afirmou Marta.
Haddad defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem disse considerar o melhor presidente da história da República. Ele aproveitou para atacar o PSDB, partido de Doria, fazendo menção à gestão de Fernando Henrique Cardoso: “Não se joga fora um legado como presidente Lula, diferentemente do que acontece com o antecessor dele.”
Doria, que não tinha direito de falar após o comentário de Haddad, aproveitou outro momento para retrucar: “A diferença entre o Fernando Henrique e o Lula é que o Fernando Henrique é honesto.”
Por duas vezes, Russomanno foi questionado por jornalistas a respeito da disputa entre Uber e taxistas. “Eu não sou contra o Uber, eu sou a favor de acabar com a concorrência predatória que está acontecendo”, afirmou. “Onde estão os direitos trabalhistas desses motoristas, que são desligados com um simples clique?”
Embates diretos
Candidato com o mais baixo percentual de intenção de votos nas últimas pesquisas entre os que estavam no debate, Major Olímpio foi o que mais partiu para o confronto direto com os adversários.
Após Russomanno responder a ele que usaria a criatividade para contornar a redução orçamentária e ampliar a prática de esportes na cidade, citando exemplo da abertura de escolas, Olímpio retrucou: “Criatividade não resolve isso, não”.
Olímpio também atacou diretamente Doria ao citar a proposta de impor um teto aos gastos do governo federal, encampada pelo governo Temer com o apoio do PSDB. “Isso vai arrebentar com a Educação”, disse Olímpio. Doria disse que resolveria a questão sobre boa gestão.