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"Menor é o 007 brasileiro, pois tem licença para matar”, diz Major Olímpio

Em entrevista ao R7, candidato do SD defende porte de armas para defesa da população 

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Olímpio é candidato pelo Solidariedade
Olímpio é candidato pelo Solidariedade Olímpio é candidato pelo Solidariedade

Foi em seu escritório que o candidato à Prefeitura de São Paulo e deputado federal Major Olímpio (SD) recebeu o R7 para uma entrevista exclusiva. Com a fala calma - bem diferente do tom enérgico assumido nos debates televisivos - abordou temas polêmicos e projetos que pretende implantar na cidade caso saia vitorioso das urnas. 

Pontuando cada uma de suas frases ora com as mãos, ora com um clipe de metal, o candidato afirmou que não tem medo de perder votos por conta de sua postura rígida em relação a temas populares, como pancadões e torcidas organizadas.

Quando o assunto é segurança pública, ele hesita ainda menos. Diz que a vida o tornou “durão” e que menor de idade no Brasil é como um “007”, com “licença para matar”. 

Durante mais de uma hora de entrevista, o candidato sequer tocou no café e na água colocados sobre a mesa. Respondeu todas as perguntas, armou um sorriso no rosto e se despediu da reportagem com um aperto de mão firme.

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Leia os principais trechos da entrevista:

R7: Como o senhor se preparou para a maratona da campanha? Alguma dieta especial, tratamento estético ou acompanhamento psicológico?

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Major Olímpio: Não tem nenhuma grande mudança na vida. Só aumenta o tamanho da agenda porque eu continuo fazendo a atividade como deputado federal e os tempos que restam a gente vai se dedicando à campanha. Fiz um trabalho de mídia training para o debate porque é todo um aprendizado diferente. Estou muito acostumado a falar em plenário, a debater, com uma massa maior. Como eu tenho dificuldade de audição por um trauma acústico porque eu fui instrutor de tiro durante 20 anos, eu tenho sempre uma sensação de que estou falando baixo e vou ampliando o tom de voz. Então dá uma sensação de que eu estou gritando e isso eu estou tentando corrigir. Mas a minha terapia maior é correr. Regime não. Minha mulher até botou no carro umas castanhas, mas eu esqueço de me alimentar. Acaba sendo estressante fisicamente.

R7: Dentre suas bandeiras, quais o senhor pretende tornar a marca de sua gestão caso seja eleito?

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MO: É a tolerância zero à corrupção. É a safadeza que virou regra. É uma questão de denúncia e apuração. Em relação ao município de São Paulo, em todos os contratos você vê denúncias de manipulação. Isso é uma doença que, para você combater, é exatamente com a fiscalização, a demonstração de pulso. Mais do que você tentar dizer que precisamos colocar nos trilhos a administração como um todo. Em tudo fica aquele fantasma da corrupção, do jeitinho e me traz uma expectativa bastante positiva de se corrigir esses rumos.

R7: Com relação à atual gestão, quais políticas o senhor pretende manter e quais mudaria?

MO: A gente não pode dizer que só porque veio do Haddad ou só porque veio do PT não presta. Ele [Haddad], como um professor, ele não vive esse mundo e parece que quando ele fala ele está falando de Paris, de Estocolmo. Mas ele tem uma coisa de positivo: adequou a legislação à cidade de São Paulo. Nas regiões periféricas está previsto lá descontos no IPTU, no ITBI e no ISS. Eu entendo que esse plano diretor estratégico, ele avançou bastante. Então, se eu precisar colocar uma coisa que o prefeito fez de bom e que tem que ser dada a continuidade ou a execução é isso. Eu sou legalista. Eu vou cumprir a lei, eu vou cumprir a Constituição. 

R7: O senhor propõe medidas duras na área da segurança pública. Porém, a competência da Polícia Militar é do Estado. A militarização da GCM ajudaria nesse endurecimento?

MO: A questão toda é o seguinte: a competência maior da segurança pública é do Estado através das suas polícias. Mas a competência supletiva é do município. Se nas regiões da Cracolândia, eu fechar e não deixar funcionar os bares clandestinos, os quartos de hotéis clandestinos, eu não deixo chegar o tráfico. Se eu colocar a GCM ocupando maciçamente essas áreas, eu não dou sossego para os traficantes. O cidadão quer ser protegido. Você quer saber quem é que paga o que tem na porta da escola do seu filho?

R7: O que o senhor pensa da liberação de armas para a população?

MO: Desde 97, que eu escrevi o livro Reaja, algumas organizações de direitos humanos bateram muito em mim. Eu falava de uma reação da sociedade de não se prostrar diante do erro do crime. Eu defendo o direito à legítima defesa. Não é o uso indiscriminado de armas. O Estado tem que ter o controle. Mas o Estado não pode cercear o direito do cidadão de se defender. Quando nós fizemos a lei que criminalizou o porte de arma depois do Estatuto do Desarmamento, a única coisa que demos o recado foi a tranquilidade para o marginal que não está nem aí para usar arma clandestina. Deu a certeza ao marginal que pode abordar o cidadão. Que é a certeza de que ele não vai ter nenhuma resposta armada. Eu sempre digo: “quando as armas se tornam ilegais, são os ilegais que têm armas”.

R7: No dia 25 de junho, um guarda matou um menino de 11 anos em Cidade Tiradentes, o Waldik Chagas. O que o senhor pensa sobre isso?

MO: Isso é uma tragédia do nosso País decorrente da miséria e da ausência do Estado. Eu não vejo a educação como um caminho. Eu vejo como o único caminho. Esse menino tinha conduta marginal, mas não pode dizer que é um criminoso. O caminho para ele foi o caminho da marginalidade. E foi utilizado pelo criminoso maior para se tornar esse instrumento maior do crime. Quando se fez o Estatuto da Criança e do Adolescente se disse que a gente estaria protegendo a criança com a maioridade aos 18 anos. Mas não. Você colocou muitos desses jovens nas mãos das grandes quadrilhas. Eu fui policial nas ruas durante 29 anos. Toda quadrilha tem um menor que é para “dar o pano” para a quadrilha. Quem é que atirou? O menor. Quem estava com o a droga? O menor. O menor virou uma moeda de troca entre as quadrilhas. Tem menores que têm licença para matar. O 007 brasileiro é o menor, porque ele tem licença para matar. E a legislação, por hipocrisia da sociedade, não se avançou para se discutir isso.

R7: O senhor já disse que quer acabar com os pancadões e extinguir as organizadas. Não teme afugentar eleitores com esse discurso sectário?

MO: A questão das festas populares, em relação à juventude, eu não sou contra. Mas isso tem que ser adequado e controlado pelo poder público para ter os seus limites. Não é a figura do baile funk. O jovem quer ter espaço para se divertir. Você tem parques onde você poderia fazer isso. Eu sou contra os pancadões pelo antro que se formou em volta disso. O pancadão é a venda de bebida alcoólica, comercio de drogas, o sexo a céu aberto... não é inibir as atividades. Eu não tenho a menor preocupação em perder votos com isso. Eu prefiro perder o voto do que ser mentiroso. E as torcidas no Brasil nasceram estimuladas pelos próprios clubes para fomentar o amor pelo clube. Mas virou um antro de criminosos. Que bom se eu perdesse só o voto e muitas pessoas não perdessem a vida em relação a isso. A vida me tornou durão. Eu defendo a paz de todas as formas e essas estruturas foram criadas e estão ancoradas no crime. O indivíduo parece que está com uma armadura medieval. Isso é barbárie. Você joga fora todo o regramento de uma sociedade.

R7: Quais são suas propostas para saúde e educação?

MO: Para a saúde é a revisão de todos os contratos públicos. A saúde é o seguinte: quanto mais ela melhora, mais ela piora. Se você tem um atendimento bom em determinada região, sobrecarrega. Porque vem todas as pessoas de todas as regiões para aquele lugar. Nós investimos muito pouco em prevenção de saúde. Se você gerar eficiência para arrecadação, você vai ter mais verba para isso. A questão de educação, temos que investir muito e eu tenho conversado muito com os profissionais de educação do município. A escola tem que ter o comprometimento de formar e informar. Tem que dar uma informação ampla de cidadania, mas sem partidarizar isso. Sem o componente ideológico exacerbado. Há uma dificuldade para isso, sim. Milhares e milhares de famílias tinham o filho na escola privada e perderam isso. Você tem que contratar parceiros privados e tentar buscar a excelência do ensino privado. Não dá, com os recursos que tem, para fazer grandes mágicas. A gente tem que entender que a dificuldade de recursos hoje é muito grande.

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