Primeiro ministro sueco, Stefen Löfven, comemorou acordo com oposição
Frankie Fouganthin/Wikimedia CommonsO primeiro-ministro sueco, Stefen Löfven (S - Sociais Democratas), anunciou na manhã deste sábado (27) que os blocos do governo e oposição chegaram a um acordo e acabaram com a maior crise política vivida no país desde 1953. O diálogo entre governo e oposição foi fundamental para que a nova eleição fosse cancelada na Suécia.
Anunciada para 22 de março do próximo ano, após a derrota do governo na votação do orçamento, a eleição extraordinária quebraria uma tradição de estabilidade política e não era garantia de que o governo eleito tivesse maioria suficiente para impor a própria agenda.
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Löfven foi enfático ao afirmar a própria satisfação pelos resultados alcançados através do diálogo entre os blocos da situação e oposição.
— A Suécia tem uma orgulhosa tradição de resolver questões difíceis e estou feliz e orgulhoso de que [os acordos] tornam possível à Suécia ser conduzida de uma forma ordenada.
Contrato de dezembro
Muito mais do que um simples acordo, a governabilidade foi assegurada por meio de um contrato entre os seis partidos que formam os blocos do governo e oposição.
A imprensa sueca foi unânime em afirmar que os interesses da Suécia e dos suecos foram vistos como prioridade e que a democracia saiu fortalecida.
— Um acordo de coligação política que chamamos de "contrato de dezembro".
O acordo diz respeito às modalidades que definem como a Suécia poderá ser governada. Assegura que o candidato a primeiro-ministro apoiado pela maior coligação partidária terá a garantia de governar por regras que sustentem, mesmo a um governo de minoria, a aprovação do orçamento proposto, segundo Löfven.
— Ela se estende por dois mandatos, até o dia da eleição de 2022.
O acordo significa também que os partidos da oposição votam, em futuros referendos, ajustes no orçamento, a partir de abril de 2015.
O primeiro-ministro destacou também que o acordo é importante para que o bloco da situação possa aplicar as próprias políticas a partir de abril (o orçamento aprovado para 2015 foi o da oposição, razão de toda a crise).
Longe da política sueca ter sido transformada em “cartas marcadas”, o bloco da oposição prometeu na mesma conferência de imprensa a “continuação de uma oposição forte".
"Nós, da Aliança (Alliansen é o nome em sueco do bloco da oposição) continuaremos sendo uma forte oposição", disse Anna Kinberg Batra (do Moderaterna, maior partido da oposição da Suécia).
Os temas que foram determinantes para a reprovação do orçamento do atual governo não entraram em pauta. Aposentadoria, questões da defesa nacional e energia serão discutidos em novo acordo em que os blocos irão ceder, evitando assim uma nova crise.
Extrema-direita isolada
O “samba de uma nota só” do partido de extrema-direita (SD) é a questão da imigração e a forte chegada de imigrantes, sobretudo refugiados de guerra, o que tem sido usado como instrumento de propaganda para conquistar os suecos menos acostumados com essa situação.
Pesquisas de opinião pública rencentes davam o SD como um partido em ascenção. Depois dos 12,9% dos votos conquistados nas últimas eleições, o SD já havia atingido, segundo as pesquisas, mais de 16% da intenção dos votos para a eleição prevista para março de 2015, hoje cancelada.
O acordo anunciado neste sábado foi “um balde de água fria” às pretenções do SD, que, além de isolado no seu discurso racista, será alvo de críticas dos dois maiores blocos do atual parlamento nos próximos quatro anos.