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Arqueologia traça paralelo entre queda de império antigo e atual crise na Síria

Pesquisa publicada recentemente compara a guerra civil síria com o fim da civilização acadiana 

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De acordo com os dados da ONU, refugiados sírios devem somar mais de um milhão ainda em 2013
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A atual crise na Síria se assemelha a eventos que precederam a queda do império acadiano na Mesopotâmia, há mais de quatro mil anos, de acordo com pesquisa publicada recentemente no periódico Journal of Archaeological Science.

O império acadiano floresceu no terceiro milênio a.C.. Em algum momento por volta de 2.200 a.C., houve uma grande estiagem; as terras secaram e as pessoas migraram dos centros urbanos. O governo, então, entrou em colapso, e o poderoso império começou a vacilar, passando por uma série de calamidades coletivamente referidas como a crise urbana do terceiro milênio da Mesopotâmia.

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Até hoje, nossa compreensão da crise urbana da Mesopotâmia tinha sido baseada em estudos arqueológicos de artefatos de cerâmica e em mudanças no tamanho de sítios arqueológicos, juntamente com o que sabemos sobre as práticas agrícolas populares na época.

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Contudo, o arqueólogo Ellery Frahm, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, e seus colegas usaram técnicas geoquímicas e análises magnéticas de rochas para examinar o comércio e as redes sociais associados à crise.

Os pesquisadores usaram técnicas de microscopia eletrônica e análises químicas para examinar 97 ferramentas de obsidiana escavadas em um sítio chamado Tell Mozan, que se originou no início do Império acadiano e se manteve até vários séculos após a queda. Situado no sopé das Montanhas Taurus, no noroeste da Síria, o local era conhecido como Urkesh na antiguidade. No auge do império acadiano, era densamente povoado.

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As ferramentas que datam de antes de 2200 a.C. foram feitas de obsidiana extraída de seis locais no leste da Anatólia. Essa variedade sugere que Urkesh era uma cidade cosmopolita, com redes de troca complexas e de longa distância que a ligavam a civilizações do mar Egeu e do médio Eufrates.

As ferramentas foram datadas como posteriores a 2200 a.C.. Elas, no entanto, revelaram-se oriundas de apenas duas fontes locais, o que sugere que o colapso final do terceiro milênio interrompeu essas redes comerciais.

"Urkesh pode ter especializado a sua economia em resposta à demanda por algumas mercadorias, como metais das montanhas próximas", diz Frahm. "Com as mudanças climáticas e o fim do império, os habitantes podem ter tido de reorientar sua economia para a produção e o consumo locais, dando conta das suas próprias necessidades, em vez de se envolver no comércio especializado de longa distância."

Alguns paralelos podem ser traçados com a situação atual da Síria. "Alguns arqueólogos afirmam que o Império acadiano foi derrubado pelo militarismo e que a violência levou seu papel econômico central na região ao fim; na Síria, após quase dois anos de embates, um colapso governamental é uma possibilidade real", acrescenta Frahm.

Além disso, a agricultura contemporânea do noroeste da Síria depende fortemente das chuvas, assim como os agricultores dependiam no império acadiano, e a mudança climática já está afetando a região, trazendo várias secas severas.

"Nós que estudamos as pessoas e o passado estamos em uma posição privilegiada para considerar o que pode vir a acontecer após a crise imediata chegar ao fim", diz Frahm. "O que acontece com as cidades quando um estado cai? Como é que os moradores se sustentam se a infraestrutura se desmantela? Esse é o tipo de contribuição que a arqueologia pode oferecer para que tenhamos um futuro melhor."

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