Swati realiza greve de fome e recebe apoio
Reprodução/FacebookOs estupros de duas meninas de 16 e 8 anos foram o estopim para que Swati Maliwal, presidente do DCW (Comissão para as Mulheres de Nova Délhi), na Índia, iniciasse uma greve de fome, desde o último dia 13.
A greve, por tempo indeterminado, foi feita por ela, que é uma autoridade no governo, para exigir leis mais severas de estupro no país, incluindo a pena de morte, depois de uma série de terríveis ataques contra meninas. As informações são da CNN.
Estupro coletivo que chocou Índia levou a endurecimento na legislação
Os estupros se tornaram um hábito histórico na Índia. Dados mais recentes da Agência Nacional de Crimes da Índia mostram que cerca de 100 ataques são reportados à polícia todos os dias, ou quase 39.000 em 2016 - um aumento de 12% em relação ao ano anterior.
Swati está realizando a greve deitada em um palco ao ar livre em temperaturas que chegam a 37 graus Celsius no nordeste de Nova Déli, em Rajghat. Guardas a cercam e lhe oferecem goles de água para proporcionar alívio, segundo a CNN.
Rajghat possui um memorial para Mahatma Gandhi, líder do movimento de independência da Índia. Gandhi, considerado o pai da nação pelos indianos, era famoso por seus protestos não violentos contra o domínio colonial britânico. Milhares de manifestantes se espalharam pelo país em apoio à iniciativa de Swati.
O governo tem feito reformas para punir os crimes de estupros, dentro de uma sociedade de castas e patriarcal. Houve inclusive um endurecimento da legislação, aumento das penas e ampliação da definição de estupro, entre outras iniciativas. No entanto, a violência sexual ainda é um tabu e continua sendo praticada no país. Muitas mulheres vítimas de estupro se sentem intimidadas em se expor e, depois das denúncias, sofrerem retaliações ou boicotes de seus amigos e familiares.
Antes de iniciar sua greve de fome, Swati publicou uma carta aberta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Ela enfatizou a necessidade de punição aos estupradores. Inclusive com a pena de morte.
A investigação do assassinato de uma menina de oito anos de idade, Asifa Bano, em janeiro mostra como a situação está complicada. Ela foi vítima de estupro coletivo e tortura na parte indiana da Caxemira.
E como a região tem uma cisão religiosa, entre hindus e muçulmanos, o fato de a polícia ter prendido oito pessoas hindus causou revolta na população. A questão política e religiosa, portanto, também contribui para que os crimes não sejam punidos.
Algo que, na carta ao primeiro-ministro, Swati pede que não mais aconteça.
— Deveríamos ter um sistema neste país onde qualquer um que violasse uma menina deveria ser enforcado dentro de seis meses.
Na Índia, por enquanto, ainda é complicada até mesmo a prisão dos que cometeram este tipo de crime.