Jonatan Diniz diz que acompanhou protestos em 2017
Reprodução/FacebookO brasileiro Jonatan Moisés Diniz, 31 anos, que foi liberado pelo governo venezuelano depois de quase dez dias preso, se manifestou neste domingo (7) em um post no Facebook. Ele alega que foi à Venezuela levar donativos e dinheiro para crianças necessitadas.
No texto, contou que morou alguns meses na Venezuela no ano passado, quando os protestos contra o presidente Nicolás Maduro se intensificaram, e falou brevemente sobre o período que passou detido no país.
Diniz afirma que acompanhou diversos protestos contra Maduro e que chorou muito por causa das bombas de gás lacrimogênio e pelas injustiças que via acontecerem. Mas destacou que não tem "lado" na disputa política.
"No final das contas essa não é só uma avaliação a respeito do que os venezuelanos estão sofrendo ou fazendo com seu país, mas sim uma avaliação do que nós humanos estamos vendo e fazendo a respeito... NADA!!!"
Ao longo do texto, Diniz não entra em detalhes sobre o que aconteceu na prisão e não menciona como foi o tratamento que recebeu das forças de segurança venezuelanas, mas agradece o apoio que recebeu do povo brasileiro durante o período.
"Me comove muito a união que o povo brasileiro teve para me ajudar e me tirar da prisão, de verdade, sem palavras, pela primeira vez em minha vida vi nós brasileiros provarmos que somos mais fortes que governos."
Diniz foi libertado no sábado e deportado para Miami, já que vive legalmente nos EUA há cerca de quatro anos. Ele disse no post que prefere não revelar para onde irá e o que fará a seguir, para preservar sua privacidade.
Tensão entre países
Segundo o jornal venezuelano El Nacional, a prisão de Jonatan Diniz foi divulgada em rede nacional de televisão pelo dirigente chavista Diosdado Cabello.
Cabello teria dito que o brasileiro faz parte de uma organização criminal e que, junto com ele, foram presos outros três indivíduos: "Quatro pessoas foram detidas no estado de Vargas pelas forças de segurança, eram membros de uma organização criminosa com tentáculos internacionais". Em seu pronunciamento, o líder ainda abordou a ligação de Jonatan com organizações filantrópicas.
— Já conhecemos esse tipo de ação da CIA, feito em outras ocasiões e em outros países. Usam ONGs como fachada para atravessar o país, identificar objetivos estratégicos e financiar terroristas.
Brasil e Venezuela vivem uma crise diplomática que se agravou desde o último dia 23, quando a expulsão do embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Pereira, foi anunciada pela Assembleia Constituinte venezuelana.
No dia 26 de dezembro, o Itamaraty aplicou o princípio da reciprocidade presente nas relações internacionais e declarou persona non grata o encarregado de negócios venezuelano em Brasília, Gerardo Antonio Delgado Maldonado.