A cachorra Oreo descansa em meio a mais um dia de buscas no desabamento da Flórida
Gianrigo Marletta / AFP - 27.6.2021Em meio à tragédia vivida por moradores e familiares das vítimas do desabamento do prédio residencial onde pelo menos 11 pessoas morreram e 150 seguem desaparecidas em Miami Beach, na Flórida, a ajuda e, algumas vezes o conforto, vêm em quatro patas. Muitos cães estão sendo usado nas buscas, mas também como terapia para os que estão sofrendo no local.
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Moises Soffer, um voluntário da organização Cadena International, participa com Oreo, sua cadela pomsky de quase dois anos, que é especialmente treinada para encontrar sobreviventes.
"Eu a deixo ir e ela vai para onde ela quer. Em brechas, espaços onde um adulto não pode ir, em lugares instáveis graças a seu peso", explica o mexicano de 36 anos. Se Soffer detecta perigo, o reconhecimento é feito com a guia, e o cão marca "a direção" a seguir.
A poucos quarteirões dali, Patrick Williamson está sentado com seu pastor alemão, oferecendo sua companhia a quem precisa.
Williamson levou Gracie para dar apoio aos familiares das vítimas
Chris Stein / AFP - 29.6.2021Gracie, de cinco anos, o ajudou a superar o trauma que experimentou servindo no Exército americano no Iraque e espera que o cão possa fazer o mesmo pelo povo de Surfside. Onze pessoas foram confirmadas como mortas e 150 ainda estão desaparecidas depois que o prédio à beira-mar desabou no meio da noite.
Gracie "me deu a oportunidade de ter uma vida melhor", disse Williamson à AFP. "Minha filosofia é que se ela fez isso por mim, ela pode fazer por outra pessoa".
Enquanto as equipes de resgate escavam os escombros do prédio de 12 andares na esperança de encontrar sobreviventes, equipes de ajuda de todos os Estados Unidos viajam para a cidade, ao norte de Miami Beach, para oferecer de tudo, desde lanches a orações e terapia.
Entre eles está o grupo de resgate United Cajun Navy, que pediu a seus voluntários que trouxessem cães de terapia para ajudar as pessoas a superarem o trauma.
"Se você começar a acariciar um cachorro, uma conversa começa e isso é curativo", disse Jay Harris, um treinador que trouxe quatro dos cães de seus clientes - três poodles e um vira-lata - para Surfside para ajudar quem precisa do tipo de consolo que só um animal pode trazer.
"Isso realmente ajuda com a tensão", diz ele.
Cajun Navy é mais conhecida por seus esforços de socorro depois de tempestades, mas sua diretora executiva Jennifer Toby garante que quando o furacão Harvey devastou o Texas e a Louisiana ela percebeu que havia mais a fazer para ajudar as vítimas.
"Quando cidades inteiras são arrasadas e as pessoas ficam em abrigos por semanas, é muito bom ter animais de apoio emocional", disse à AFP.
Com as Champlain Towers South reduzidas a escombros por um colapso inexplicável que ocorreu em segundos, o esforço de resgate que trouxe engenheiros e especialistas de lugares distantes como México e Israel transformou Surfside.
Esta comunidade à beira-mar de casas em tons pastéis e prédios altos agora enfrenta bloqueios de ruas e postos de controle. As ruas estão assustadoramente vazias, com a tranquilidade interrompida apenas por carros de polícia e ônibus que transportam as famílias dos desaparecidos e mortos.
Toney Wade, um veterano de operações de busca e resgate ao redor do mundo, viajou de Louisiana com Hoeder, seu pastor belga malinois de três anos, especializado em farejar restos mortais de vítimas e que uma vez localizou fragmentos de ossos de um corpo que havia sido queimado.
Mas Wade foi informado de que havia equipes de resgate e cães farejadores em número suficiente dedicados à perigosa tarefa de vasculhar os escombros, na qual os trabalhadores usam de tudo, desde máquinas pesadas a aparelhos de escuta e até baldes para mover os escombros e localizar as pessoas que estão lá embaixo.
Na tarde de segunda-feira, Wade sentou-se sob um toldo enquanto uma das muitas tempestades que atrapalhavam os esforços de socorro se aproximava, esperando que Hoeder pudesse dar um momento de conforto aos necessitados.
"Os cachorros apenas mostram amor puro", disse o comandante do Cajun Coast Search and Rescue, outro grupo de voluntários.
Uma visita às famílias das vítimas foi agendada na segunda-feira, mas antes que os cães-terapia e seus donos deixassem suas posições fora do centro comunitário de Surfside, um membro da família de uma vítima correu até Gracie, compartilhando um momento com a cadela de Williamson enquanto as lágrimas caíam em seus olhos.
"Esses momentos em que interagimos com as pessoas serão memórias de que elas podem precisar se descobrirem que precisam de mais encerramento do que tiveram"
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