O Comitê Permanente de Defesa dos Direitos Humanos de Guayaquil, no Equador, disse ter registrado dezenas de casos de negligência no manuseio de cadáveres e na violação sistemática de direitos e pediu para que seja declarada crise humanitária na cidade, e não apenas sanitária.
O secretário-geral da principal organização de direitos humanos da capital da província de Guayas, Billy Navarrete, declarou que o colapso do sistema de saúde deixou o governo incapaz de garantir os direitos da maioria da população.
"Há situações muito graves envolvendo o manuseio de corpos e o cuidado de pessoas doentes, que levaram o presidente a apontar que, por mais difícil que seja a realidade, ela deve ser mostrada, e que o compromisso não foi honrado", afirmou Navarrete.
Mais de 10 processos por negligência médica
Pelo menos 13 reclamações chegaram ao escritório do secretário-geral feitas por pessoas que ainda não encontraram seus entes queridos e que não estão sendo atendidas. "Isso é consequência de uma rede de negligência aberta do dever público", denunciou.
Leia também
Navarrete disse que, desde o início da crise, tem havido falta de atendimento médico, especialmente em áreas com menos recursos, o que tem levado pacientes com covid-19 e outras doenças a morrerem em casa.
"Depoimentos recebidos e casos conhecidos através da mídia mostram que essas famílias viram seus parentes morrerem sem qualquer tipo de ajuda pública e que, após a morte, as autoridades levaram mais de cinco dias para liberar o corpo", criticou.
Com pelo menos 520 mortes e cerca de 11 mil infecções oficiais, Guayas é a província com o maior número de casos do vírus SARS-CoV-2 no país. As autoridades hoje colocam o número oficial de mortos em 663, além de haver outros 475 óbitos que provavelmente também foram por Covid-19, embora ainda sejam necessários exames. O número de contágios em todo o país é de 23.240.