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Crise na Nicarágua já deixou 30 mortos e 60 desaparecidos

Outras 200 pessoas foram presas durante as manifestações que pediam a revogação da reforma da previdência e a saída do presidente Daniel Ortega

Internacional|Beatriz Sanz, do R7, com agências internacionais

Presidente enfrenta pressão, mas deve continuar no poder
Presidente enfrenta pressão, mas deve continuar no poder Presidente enfrenta pressão, mas deve continuar no poder

A crise na Nicarágua continua crescendo. Segundo os veículos locais, já são mais de 30 pessoas mortas, 60 desaparecidos e 200 presos durante os protestos em todo o país.

O estopim de tudo foi o anúncio de que o governo colocaria em vigor uma reforma da previdência. Após muita mobilização de toda a sociedade, o governo cancelou a reforma.

As primeiras manifestações foram convocadas pelos estudantes universitários da capital Manágua e ganhou o apoio do movimento rural e dos empresários do país que rejeitam a reforma.

Houve confrontos entre manifestantes, polícia e integrantes da Juventude Sandinista, um grupo de militantes que apoia Ortega.

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Já são nove dias de manifestações que não param e começam a ameaçar o mandato do presidente Daniel Ortega que já está no poder há 11 anos. Apesar da pressão contra o governante, o doutor em Ciência Política e especialista em América Latina das Faculdades Integradas Rio Branco, José Maria de Souza afirma não haver sinais de que Ortega se afaste do poder.

“É um cenário dramático e o presidente terá que fazer concessões, com certeza. A revogação da reforma foi a primeira delas. Se a violência continuar, Ortega perde cada vez mais capacidade de negociação”, analisa o professor.

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Proposta de diálogo

O presidente pediu uma reunião de negociação e os intermediários são os bispos da igreja católica.

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No entanto, os empresários exigem que os estudantes que protestaram contra a reforma sejam chamados para a discussão. Outras condições importante dos empresários são que o governo ordene a soltura de todos os cidadãos que foram presos nas manifestações, que acabe a repressão violenta nos protestos e que os canais de TV que foram censurados voltem ao ar.

Em entrevista ao jornal local La Prensa, Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana afirmou que os estudantes, que até então, exigiam a renúncia do presidente, se preparam para o diálogo, mas que uma de suas reivindicações são mudanças no governo de Ortega.

“Acho que aqui as questões centrais são que a corrupção e o desperdício acabem, que a justiça seja igual para todos e transparente, que a interferência do poder executivo nas decisões do poder legislativo, no Supremo Tribunal de Justiça e em outras instituições acabem”, afirmou Medina.

A situação de Ortega

O presidente do país está em uma situação delicada, mas que não deve ser o fim de seu governo ainda.

Ele perdeu o apoio de um aliado importante, o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep, na sigla em espanhol), que representa parte dos empresários do país. Ainda assim, continua no poder e sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo é quem mais tem se manifestado sobre a crise para privar Ortega de mal entendidos.

Ortega tem uma política centralizadora e caso queira continuar no poder, vai ter que começar a ceder. “Diferentes setores da política e da economia terão que procurar uma saída dessa crise. Lideranças precisam aparecer e se articular. Basta saber se o Ortega e a Murillo aceitarão "dividir" poder”, afirma Souza.

Preocupação internacional

Para o especialista José Maria de Souza, a comunidade internacional pode no máximo “expressar preocupação” com a situação no país, como o Canadá já fez.

Ainda assim, devido ao aumento da violência nas manifestações, o governo dos Estados Unidos decretou que as famílias de todos os diplomatas que servem na Nicarágua abandonem o país da América Central.

Imprensa sofre no país

Além de ter cortado o sinal das emissoras de televisão, a imprensa na Nicarágua tem sofrido diretamente com as manifestações.

Uma vítima fatal da violência foi o jornalista Ángel Gahona que morreu com um tiro na cabeça enquanto transmitia um ao vivo pelo Facebook na cidade de Bluefields. O autor do disparo ainda não foi encontrado.

Na mesma onda, o jornalista Salomón Manzanares foi preso na cidade de Léon, no leste do país. Ele foi detido no sábado enquanto cobria as manifestações na cidade e levado para as celas de prisão preventiva da cadeia da cidade.

"Quando perceberam que eu era jornalista, eles me tiraram das celas e me levaram para outro lugar seguro", contou Manzanares ao jornal La Prensa.

Enquanto isso, o jornalista Cristopher Harry Ramos Centeno segue preso.

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