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Dilma deixa claro seu mal estar com Obama e adia visita aos EUA

Internacional|

Eduardo Davis. Brasília, 17 set (EFE).- A presidente Dilma Rousseff deu nesta terça-feira uma dura resposta à espionagem que sofreu dos Estados Unidos e confirmou o adiamento de sua visita de Estado a Washington prevista para o dia 23 de outubro. A decisão foi oficializada em uma nota divulgada hoje pelo Palácio do Planalto, que afirma que a decisão foi tomada de comum acordo com o presidente americano, Barack Obama, e deixa claro que o motivo foi a atividade das agências de inteligência americanas de espionagem sobre a presidente, empresas e cidadãos brasileiros. "As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos", afirma o comunicado. Também sustenta que "a ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação - não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada". Segundo a nota, a decisão foi tomada de comum acordo entre os países. "Os dois presidentes decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados não devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada". O anúncio oficial sobre o cancelamento da visita foi feito no dia seguinte ao telefonema entre Dilma e Obama. A conversa durou cerca de 20 minutos e foi qualificada de "cordial" por porta-vozes da presidência brasileira, que não divulgaram o conteúdo. Um porta-voz oficial disse hoje à Agência Efe que Dilma esperava de Obama "e ainda espera" as explicações que foram pedidas desde que vazaram informações do ex-analista da Agência Nacional de Segurança (ASN) dos EUA, Edward Snowden, sobre espionagem global. "Não houve explicações satisfatórias nesse momento e nem depois" da denúncia de que a própria presidente e a Petrobrás tinham sido espionadas, disse a fonte. As primeiras denúncias de Snowden já tinham levado o Brasil e seus parceiros do Mercosul a denunciar o caso na ONU, e a revelação de outros documentos sobre a espionagem só fizeram aumentar o mal estar. Há 20 dias o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi enviado a Washington para exigir explicações, mas sua missão fracassou. Cardozo voltou de mãos vazias e sem garantias de que a espionagem tenha acabado. A nota divulgada hoje, incisiva, mas também cuidadosa em termos diplomáticos, mostra o desejo de Dilma de que "uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica a patamares ainda mais altos". Dilma também está disposta a manifestar esse mal estar durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, na qual discursará no dia 24 de setembro. Tradicionalmente o Brasil abre os debates das Assembleias Gerais, e a presidente aproveitará a ocasião para exigir que sejam adotadas normas globais que protejam os "direitos individuais" e proíbam a espionagem de governantes, empresas e cidadãos, disse a fonte consultada pela Agência Efe. Esta seria a primeira visita de Estado a Washington de um presidente brasileiro desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso foi recebido com essa honra pelo então presidente Bill Clinton. Nos últimos dias, quando a suspensão da visita parecia iminente, porta-vozes do governo brasileiro asseguraram que essa decisão não afetará as fortes relações econômicas e comerciais entre ambos países. O mesmo disse a Casa Branca, mas, segundo diversos analistas, esse "esfriamento" da relação política pode ter impactos. Uma primeira consequência, segundo admitiu o porta-voz oficial consultado pela Efe, pode ser que a empresa Boeing se "enfraqueça" em uma licitação para vender 36 aviões de combate à Força Aérea Brasileira, no qual essa empresa concorre contra os caças Rafale franceses e os Gripen NG da sueca Saab. "O presidente Obama e a presidente Dilma estão querendo realizar a visita de Estado, que ressaltará nossa ampla relação e não deveria estar ofuscada por uma única questão da agenda bilateral, à margem do importante ou desafiante que este tema possa ser", afirmou hoje a Casa Branca em comunicado. EFE ed/cd-rsd (foto)

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