Trump visitou as cidades de El Paso e Dayton
Leah Millis/ Reuters - 7.8.2019Pressionado pelos protestos para endurecer as leis sobre posse de armas e para abandonar o discurso anti-imigração, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitou nesta quarta-feira (7) as cidades de Dayton e El Paso, alvos no fim de semana de dois ataques a tiros que deixaram 31 pessoas mortas.
Acompanhado da primeira-dama, Melania Trump, o presidente se reuniu com familiares das vítimas e com os feridos nas duas tragédias, que se somam a uma longa lista de massacres similares registrados nos últimos anos em todo o país.
Trump, que antes de deixar a Casa Branca afirmou que a retórica inflamada contra imigração de sua campanha não provocou a violência do fim de semana, foi recebido com protestos nas duas cidades. Em Dayton, os manifestantes foram para a porta do Hospital Miami Valley, onde estão os feridos pelo atirador no domingo.
Protestos em Dayton
"Deixe de ser um bebê e enfrente a NRA (sigla em inglês da Associação Nacional do Rifle)", escreveu um manifestante em um dos cartazes colados no "Baby Trump", um balão gigante que traz a figura do presidente usando fraldas e que virou símbolo dos protestos contra ele.
O presidente ficou menos de três horas na cidade e publicou posteriormente nas redes sociais fotos e vídeos da passagem pelo hospital. As imagens mostravam os feridos, médicos e policiais ao lado de Trump e da primeira-dama. Os protestos foram ignorados.
"Foi uma visita calorosa e maravilhosa", escreveu Trump no Twitter.
A prefeita de Dayton, Nan Whaley, e o senador democrata pelo estado de Ohio Sherrod Brown apresentaram uma versão distinta a do presidente em entrevista coletiva posterior à visita. Trump chamou as declarações de ambos de fraudulentas.
Whaley disse a jornalistas que reiterou ao presidente a importância de atuar para dificultar o acesso a armas no país. Além disso, a prefeita repassou a Trump o desejo dos moradores da cidade, que estariam "esperando uma ação de Washington" sobre a tragédia.
A tragédia em El Paso
Os protestos também esperavam Trump em El Paso, que fica na fronteira com o México. Grupos de manifestantes se concentraram em várias regiões, mas especialmente em frente ao hipermercado onde no sábado Patrick Crusius, de 21 anos, considerado como um supremacista branco, matou 22 pessoas, oito delas de nacionalidade mexicana.
O diretor-executivo da Border Network for Human Rights, Fernando García, disse que os manifestantes em El Paso têm duas mensagens para Trump, mas que a principal delas é que o presidente não é bem-vindo na cidade.
"Somos orgulhosos do que somos, uma comunidade de imigrantes e de hispânicos. Recebemos de portas abertas refugiados, imigrantes e asilados. Seguiremos fazendo isso", completou o ativista em entrevista à Agência Efe.
"Sua retórica racista e sua política de ódio provocou esse incidente terrorista contra nossa comunidade", acusou García.
Antes de abrir fogo em El Paso, o atirador publicou um manifesto com argumentos usados por Trump desde a campanha eleitoral de 2016. Crusius escreveu que tinha como objetivo impedir a "invasão" de imigrantes latino-americanos nos EUA.