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Em meio a novos protestos, Dilma diz estar atenta à "voz da rua"

Internacional|

Brasília, 18 jun (EFE).- A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que "a voz da rua tem que ser escutada", ao abordar pela primeira vez os protestos que sacodem o país desde a semana passada e que se repetiram nesta terça-feira, com 50 mil manifestantes na rua de São Paulo e alguns incidentes violentos. Dilma assegurou em cerimônia oficial que as multidões que saíram para protestar em diferentes cidades do país para exigir melhores serviços públicos "enviaram uma mensagem direta aos governantes". E a presidente garantiu estar atenta para escutar as reivindicações de mobilizações, que "superam os mecanismos tradicionais das instituições, partidos políticos ou sindicatos". Foi a primeira referência da presidente às grandes manifestações que tomaram o Brasil nos últimos dias e que apenas na segunda-feira reuniram cerca de 250 mil pessoas em 20 cidades. "As manifestações comprovam a grandeza de nossa democracia e o civismo de nossa população" e representam "uma mensagem direta aos governantes em todas as instâncias", declarou a governante no mesmo dia em que tanto porta-vozes da Presidência como de alguns governos estaduais e Prefeituras anunciaram sua disposição para discutir as reivindicações dos manifestantes. Os protestos começaram na semana passada em São Paulo exclusivamente contra o aumento das tarifas de transporte público, mas terminaram se espalhando para outras cidades e revelando um descontentamento social mais amplo em todo Brasil. Os manifestantes exigem agora maiores investimentos na saúde e na educação pública, criticam a corrupção, o desperdício de recursos públicos e as elevadas despesas do governo para organizar eventos como a Copa do Mundo de 2014. As autoridades, que até segunda-feira pareciam não entender o que estava ocorrendo, reagiram finalmente nesta terça-feira e em pelo menos seis cidades foi anunciada a redução das passagens de ônibus - Recife, João Pessoa, Cuiabá, Porto Alegre, Montes Claros e Blumenau. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que inicialmente tinha manifestado a impossibilidade de reduzir as tarifas na maior cidade do Brasil, assegurou posteriormente que revisará os números para buscar alternativas. Horas após suas declarações aconteceu um novo protesto na capital, onde 50 mil pessoas, segundo o Instituto Datafolha, se concentraram na Praça da Sé antes de seguir em passeata rumo à sede da Prefeitura. A manifestação, a sexta nos últimos dias, terminou com novos incidentes violentos depois que um pequeno grupo atacou a Prefeitura e obrigou a Guarda Municipal a refugiar-se dentro do edifício. Pouco depois o grupo ateou fogo em um caminhão de transmissão da "Rede Record" e em uma guarita policial, quebrou janelas de agências bancárias na área e pichou várias paredes. A maioria dos manifestantes, no entanto, vaiou os elementos violentos, assim como os que levavam bandeiras de partidos, em uma tentativa de manter a mobilização sem filiação política. Enquanto isso, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, os manifestantes avançavam por uma avenida até a Prefeitura, também protegida pela Guarda Municipal e pela Polícia Militar, mas sem maiores incidentes. Protestos similares aconteceram também em Belo Horizonte e Florianópolis, entre outras cidades. Novos protestos estão previstos para os próximos dias. As manifestações são convocadas pelas redes sociais por um movimento amorfo, sem líderes aparentes, que diz não ser representado por nenhum partido político. Segundo analistas consultados pela Agência Efe, os protestos obedecem a reivindicações principalmente da classe média, agora majoritária após as bem-sucedidas políticas de redução da pobreza. Como lembrou a analista Tereza Cruvinel, desde 2003 40 milhões de pessoas saíram da pobreza e passaram a integrar uma classe média que "tem novas exigências, mais urgências e não se conforma apenas em consumir". Por sua parte, Dilma disse que as reivindicações da população "por melhores escolas, hospitais, transporte público de qualidade e a um preço justo, pelo direito de influir nas decisões dos governos, em repúdio da corrupção e o desvio de dinheiro público, comprovam o valor intrínseco da democracia e demonstram que os cidadãos estão em busca de seus direitos". A presidente avaliou como "correta" a atuação da polícia, que se manteve a distância dos manifestantes para evitar batalhas campais com vários feridos e detidos como a da quinta-feira passada em São Paulo e a de sábado em Brasília. EFE cm/rsd (foto)

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