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Em mundo fragmentado, Macron desponta como líder confiável

Com Alemanha e Reino Unido fragilizados, presidente media discussões na UE

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Em 8 meses de cargo, Macron despontou como líder confiável
Em 8 meses de cargo, Macron despontou como líder confiável Em 8 meses de cargo, Macron despontou como líder confiável

Em quase oito meses como presidente da França, o social liberal Emmanuel Macron encontrou espaço para afiar suas habilidades diplomáticas e liderar discussões importantes como poucos de seus antecessores — especialmente no que diz respeito à União Europeia. “Com a Theresa May, do Reino Unido, envolvida nas negociações do Brexit, e a Angela Merkel, da Alemanha, fragilizada sem ainda conseguir formar um governo de coalizão, o Macron acaba despontando como uma figura confiável”, aponta Demetrius Pereira, pós-doutor em Política Europeia e professor de Relações Internacionais nas Faculdades Integradas Rio Branco.

Dentro do bloco, o presidente francês pressionou a Alemanha a se comprometer a investir mais na zona do euro, manifestou apoio ao primeiro-ministro espanhol em relação à crise na Catalunha e propôs a criação de uma agência europeia de refúgio — tudo com muita elegância e sem ser evasivo, conforme lembra Yann Duzert, professor de Negociação e Resolução de Conflitos da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

— O Macron usa técnicas negociação que incorporam e alinham diferentes interesses. Ele sabe reconhecer a diversidade e as minorias, com gestão da informação e das percepções. Ele negocia de forma moderna, utilizando muito mais de comunicação, explicação e pedagogia do que imposições coercitivas. É menos jogo de poder e mais jogo cognitivo.

Fora das fronteiras do velho continente, o presidente da França ainda atuou para mediar uma crise política no Líbano, mostrou-se aberto a negociar com o Catar — que é alvo de sanções pela Arábia Saudita — e iniciou uma campanha global para efetivamente arrecadar fundos para o combate à mudança climática. “Isso sem contar que ele foi um dos poucos dirigentes que demonstrou amizade em relação ao Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Eles se deram muito bem e o Macron foi capaz de lidar com as diferenças, ou seja: ele constrói relacionamentos com pessoas que têm temperamentos difíceis na comunidade internacional”, completa Duzert.

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Em casa

Os especialistas ouvidos pelo R7 ressaltam que, na França, Macron também foi capaz de ganhar centralidade, facilitando a comunicação entre direita e esquerda no Parlamento. Mesmo sob uma intensa onda de protestos, ele conseguiu fazer avançar a reforma trabalhista que havia prometido em campanha — que prevê medidas que estabelecem um teto para indenizações e dão maior flexibilidade às contratações.

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Não à toa, o líder iniciou o mês de dezembro com 52% de aprovação entre os franceses — um aumento de 10% em relação ao mês de outubro, segundo o Ifop, uma das principais empresas de pesquisa de opinião da França. Entre julho e agosto, poucos meses após assumir o cargo, a popularidade de Macron havia caído 24 pontos principalmente por conta da reforma trabalhista.

Próximos passos

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Para Leonardo Paz, professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), o 2018 de Macron deve ser traçado em um caminho de fortalecimento da União Europeia.

— Eu penso que ele vai fazer de tudo para manter a UE. O Macron tem um perfil mais aberto, um perfil globalista é, sobretudo europeísta: sua trajetória política nasceu em um ambiente em que o bloco já estava consolidado, por isso tem uma perspectiva do mundo diferente de seus antecessores.

Yann Duzert, da FGV, reforça o coro: “Se, em 2018, a Angela Merkel conseguir formar um governo de coalizão e se mantiver na liderança da Alemanha, me parece que o Macron pode se unir a ela — que tem o poder financeiro dentro da Europa — para construir o orçamento europeu, governando de forma mais firme e decidida”, pondera o especialista.

— É claro que ele vai trabalhar para reduzir os custos do déficit da França, mas também deve se esforçar por medidas para que Itália, Grécia e Portugal tenham menos gastos e o bloco seja mais harmonizado do ponto de vista financeiro. O Macron é um dipomata e o mundo, fragmentado como está, precisa de uma postura assim neste momento.

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