LONDRES (Reuters) - Cientistas vão começar a testar se o tratamento com anticorpos do sangue de sobreviventes do Ebola pode ajudar pacientes infectados a combater a doença mortal em um teste clínico que deve começar na Guiné no mês que vem.
Se o teste tiver um bom desempenho, o chamado soro convalescente pode ter o seu uso ampliado rapidamente como uma intervenção de curto prazo, enquanto o trabalho continua no desenvolvimento de drogas e vacinas.
Um consórcio internacional de pesquisa liderado pelo Instituto de Medicina Tropical em Antuérpia, na Bélgica, está realizando o trabalho no país da África Ocidental que marcou o início do pior surto de Ebola em março deste ano, depois de receber uma doação de 2,9 milhões de euros da União Europeia.
"O tratamento com sangue e plasma é uma intervenção médica com um longo histórico, usado de maneira segura em outras doenças infecciosas", disse o coordenador do projeto, Johan van Griensven, em um comunicado oficial nesta quinta-feira.
"Queremos saber se essa abordagem funciona para o Ebola, se é segura e se pode ser colocada em ação para reduzir o número de mortes no surto atual."
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, no último mês, que fossem desenvolvidos projetos com o uso de produtos derivados do sangue de sobreviventes.
O sangue e o plasma recuperados de pacientes com Ebola já foi usado ocasionalmente no passado, incluindo durante o surto de Ebola em 1995 em Kikwit, na República Democrática do Congo, quando sete de oito pacientes doentes que receberam o soro feito com o sangue sobreviveram.
Contudo, como o número de pacientes que receberam o tratamento com o soro é muito pequeno até hoje, ainda não está claro qual é a eficiência do tratamento.
(Reportagem de Ben Hirschler)