O Estado Islâmico levou adiante seu ataque a uma cidade na fronteira síria nesta quinta-feira (2) apesar dos ataques aéreos da coalizão que objetivam enfraquecer o grupo, expulsando mais milhares de refugiados curdos para a Turquia e mergulhando Ancara ainda mais no conflito.
Militantes curdos alertaram que as conversas de paz com o Estado turco serão encerradas caso se permita que os insurgentes islâmicos realizem um massacre na cidade predominantemente curda de Kobani, o que tem aumentado a pressão sobre o governo turco para que reaja.
Os combatentes do Estado Islâmico assumiram o controle de centenas de vilarejos nos arredores de Kobani, decapitando civis no intuito de sujeitar os moradores pelo terror, e se posicionaram a poucos quilômetros da cidade por três flancos.
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No vizinho Iraque, os insurgentes realizaram execuções em massa, raptaram mulheres e meninas que fizeram de escravas sexuais e usaram crianças como soldados, violações sistemáticas que podem equivaler a crimes de guerra que exigem processo, declarou a Organização das Nações Unidas (ONU).
As forças lideradas pelos Estados Unidos, que vêm bombardeando alvos do Estado Islâmico em outras partes da Síria desde a semana passada, assim como no Iraque, atingiram um vilarejo perto de Kobani na quarta-feira, e foram relatados ataques mais ao sul de quarta para quinta-feira, informaram fontes curdas na cidade.
Mas eles parecem ter surtido pouco efeito para conter o avanço dos radicais sunitas.
“Partimos porque percebemos que só vai piorar”, disse Leyla, uma síria de 37 anos que chegava à passagem de fronteira de Yumurtalik com seus seis filhos depois ficar dez dias em uma área rural, esperando que os conflitos diminuíssem.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que tem sede em Londres e monitora a guerra na Síria, declarou que embates intensos entre o Estado Islâmico e os combatentes do grupo curdo Unidades de Proteção do Povo (YPG) estavam em andamento ao leste e ao sudeste de Kobani nas últimas 36 horas.
O som de uma grande explosão foi ouvido perto da meia-noite no horário local, ao mesmo tempo em que aviões da coalizão sobrevoavam a área, disse a entidade.
Também foram ouvidas cerca de 20 explosões nas áreas da represa de Tishrin e da cidade de Manbij, cerca de 50 quilômetros ao sul de Kobani, resultantes de ataques com mísseis que se acredita terem sido realizados pela coalizão, segundo o Observatório.
Asya Abdullah, autoridade do primeiro escalão do Partido de União Democrática, principal legenda curda na Síria, disse que houve confrontos no leste, no oeste e no sul de Kobani e que o Estado Islâmico chegou a dois ou três quilômetros da localidade por todos os lados.
“Se quiserem evitar um massacre, (a coalizão) precisa agir de forma muito mais abrangente”, afirmou ela à Reuters por telefone de Kobani, acrescentando que os ataques aéreos em outras partes da Síria empurraram os combatentes do Estado Islâmico rumo à cidade fronteiriça.
O Parlamento da Turquia irá votar ainda nesta quinta-feira uma moção que permitiria ao governo autorizar incursões militares contra os militantes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, além de permitir que as forças da coalizão utilizem o território turco.
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