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Etiópia expulsa sete funcionários da ONU por 'intromissão'

Organizações humanitárias se queixaram recentemente de não ter acesso à região do Tigré, que enfrenta crise humanitária

Internacional|

Região do Tigré enfrenta grave crise humanitária desde novembro do ano passado
Região do Tigré enfrenta grave crise humanitária desde novembro do ano passado Região do Tigré enfrenta grave crise humanitária desde novembro do ano passado

O governo da Etiópia anunciou nesta quinta-feira (30) a expulsão de sete funcionários de alto cargo de agências da ONU que foram declarados "persona non grata" por "intromissão nos assuntos internos do país".

"Eles devem abandonar o país dentro de 72 horas", disse o Ministério das Relações Exteriores em breve comunicado, sem especificar a suposta interferência. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "surpreso" com a decisão da Etiópia.

"Estamos em contato com o governo etíope com a expectativa de que o pessoal da ONU possa continuar seu importante trabalho", afirmou Guterres em comunicado.

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O diplomata português mostrou "plena confiança" nos trabalhadores da ONU na Etiópia e ressaltou que "todas as operações humanitárias são regidas pelos princípios fundamentais de humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência".

"Na Etiópia, a ONU está oferecendo ajuda vital — inclusive comida, medicamentos e água — a pessoas que dela necessitam desesperadamente", analisou.

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Entre os expulsos estão a representante do Unicef na Etiópia, Adele Khodr, e a chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha) no país, Marcy Vigoda.

A mudança veio depois de organizações humanitárias se queixarem do acesso limitado à região do Tigré, impactada pela guerra entre o governo central e os rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré.

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O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, disse nesta semana que um "bloqueio de fato" de quase três meses tinha restringido severamente as entregas de ajuda às pessoas afetadas pelo conflito.

Após saber das expulsões, o porta-voz da Frente de Libertação do Povo do Tigré, Getachew Reda, lamentou no Twitter que a solução do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, contribui para a "piora da crise humanitária no Tigré".

Leia mais: Governo etíope declara cessar-fogo no conflito do Tigré

A guerra começou em 4 de novembro do ano passado, quando Abiy lançou uma ofensiva contra os rebeldes no poder, em retaliação a um ataque a uma base militar federal.

Em 28 de junho, o governo etíope anunciou um "cessar-fogo humanitário unilateral" e o Exército se retirou de várias cidades no Tigré — incluindo a capital, Mekele —, mas as forças amharas, que lutaram ao lado do governo e anexaram áreas sobre as quais reivindicam direitos históricos, permaneceram. Nesse contexto, os rebeldes recuperaram terreno e o conflito se propagou pelas regiões vizinhas de Afar e Amhara.

Desde novembro, milhares de pessoas morreram, cerca de dois milhões foram deslocadas internamente no Tigré e pelo menos 75 mil etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais. Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, segundo a ONU.

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