Vladimir Putin e Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, se encontraram na última terça-feira (26)
Reuters/Sergei BondarenkoA Guerra Fria, iniciada após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), foi um dos períodos de maior tensão internacional da história. De um lado, os Estados Unidos, a grande potência capitalista; de outro, a União Soviética, potência socialista.
Ambos os lados buscavam aumentar sua área de influência política e econômica e possuíam armas nucleares com o poder de causar danos imensuráveis à humanidade. Mas nenhum dos dois países estava disposto a arriscar começar um conflito dessa magnitude.
Agora, quase mais de duas décadas após a dissolução da União Soviética em vários países, EUA e Rússia voltam a protagonizar uma disputa de poder e influência geopolítica.
Em março deste ano, a Rússia anexou a Crimeia, região que pertencia à Ucrânia, ao seu território e foi fortemente criticada pela comunidade internacional, principalmente, porque muitos acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, tem intenções de expandir ainda mais as fronteiras do país.
Diante disso, a União Europeia e os EUA decidiram agir contra o governo russo e deram início a uma “guerra de sanções” que atinge, principalmente, a economia do país.
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O professor de relações internacionais da FGV, Oliver Stuenkel, alerta que a política das sanções é muito controversa e que não há evidências conclusivas que comprovem alguma mudança de comportamento do Estado atingido.
“Do ponto de vista da Europa e dos EUA é muitas vezes argumentado que sanções são uma ferramenta que não falha, que tem um impacto certo. Mas, na verdade, nunca se sabe como o Estado atingido vai lidar com esse desafio”, disse o professor, em entrevista ao R7.
— As medidas podem acabar servindo para fortalecer um líder e para aumentar sua aprovação, porque o Putin, por exemplo, pode usar as sanções como justificativa para dizer que o problema do país não é ele e sim os outros. Por exemplo, nós temos as sanções do embargo econômico dos EUA contra Cuba, que está vigente há décadas, mas nunca alcançou seu objetivo que era enfraquecer o regime de Castro.
Para Geraldo Zahran, professor do departamento de relações internacionais da Puc-SP, está em curso um “novo modelo de aplicação de sanções econômicas”, que visa atingir pessoas específicas, neste caso, ligadas ao governo. Apesar de o efeito dessas medidas não ser tão forte, elas evitam que a população em geral do país seja prejudicada.
— Se você pegar as sanções impostas ao Iraque, depois da Guerra do Golfo, na década de 90, ou o embargo econômico a Cuba, elas são sanções generalistas, que tentavam bloquear toda a economia do país.
Zahran acredita que o caso da Crimeia foi uma exceção e que "o interesse da Rússia na Ucrânia não era territorial e sim de evitar que a Ucrânia se torne uma área de influência ou uma aliada da Europa e dos EUA”.
— É uma disputa estratégica, para evitar, por exemplo, que a Ucrânia faça parte da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], e que, assim, possa vir a ter tropas dos EUA na fronteira russa.