Por Matt Spetalnick e Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) - O governo de Barack Obama está expressando publicamente a confiança no primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, na luta contra a ascensão dos militantes do Estado Islâmico, mas em particular alguns funcionários norte-americanos questionam se ele é fraco demais para romper a divisão sectária do país.
O governo norte-americano ainda confia em que Abadi, que está no centro da estratégia de Obama para reverter as últimas conquistas do Estado Islâmico, evite que os Estados Unidos sejam arrastados com mais força para um conflito que as tropas de combate do país deixaram em 2011.
Mas mesmo se as forças de Abadi conseguirem retomar o controle da capital da província de Anbar, Ramadi – conquistada na semana passada pelo Estado Islâmico –, a sua dependência de milícias xiitas apoiadas pelo Irã poderia fortalecer seus rivais políticos em Bagdá e resultaria na aquiescência dos EUA a uma maior influência iraniana no Iraque.
Isso demonstra como Washington tem poucas opções para reagir ao Estado Islâmico sem rever uma política que depende fortemente de ataques aéreos ou enviar grande contingente de tropas terrestres norte-americanas, possibilidade que Obama descartou.
Enquanto os jihadistas reforçam as suas posições, Abadi, um líder xiita moderado, enfrenta um importante teste sobre se pode atrair os líderes da comunidade árabe sunita, distanciando-os do Estado Islâmico, um desafio que ele tem tido dificuldade de superar, apesar de seu compromisso de um governo mais inclusivo. Ele também tem de mostrar a capacidade de controlar as poderosas milícias xiitas, marcadas por abusos anteriores que alimentaram a ira dos sunitas contra seu governo.
"Abadi pode estar mais vulnerável do que nunca", disse uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato.
O Estado Islâmico, entretanto, parece estar num momento de impulso. Os radicais sunitas capturaram na quinta-feira a cidade de Palmira, no centro da Síria, um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo, e se impuseram sobre as defesas do governo iraquiano a leste de Ramadi.
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