Arsenal encontrado na casa de Hasson incluía fuzis e milhares de balas
Promotoria de MarylandUm tenente da Guarda Costeira dos EUA foi detido na última sexta-feira (15), depois que investigadores descobriram que ele estava montando um arsenal em casa e planejando cometer atos terroristas, incluindo atentados contra figuras políticas importantes.
Segundo uma reportagem do Washington Post, Christopher Paul Hasson se identificava como nacionalista branco e tinha como objetivo a "criação de uma pátria branca" nos Estados Unidos. A revelação foi feita após a divulgação da denúncia feita contra ele na Justiça do estado de Maryland.
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Nos documentos, não havia uma data determinada para os possíveis ataques, mas segundo a promotoria ele estava reunindo um arsenal desde pelo menos 2017, tinha planilhas com os nomes de seus alvos e buscava na internet informações para planejar atentados. No histórico, foram encontradas frases como "melhor lugar para encontrar congressistas em Washington"
Planilha de alvos e arsenal
A planilha de alvos tinha nomes como as deputadas Nancy Pelosi (presidente da Câmara dos EUA), Maxine Waters e Alexandra Ocasio-Cortez e a senadora Elizabeth Warren, todas do Partido Democrata. Jornalistas como Chris Cuomo, da CNN, considerados críticos do presidente Donald Trump também estavam na lista.
Na casa dele, os policiais encontraram 15 armas de fogo, incluindo quatro fuzis, espingardas e pistolas, além de milhares de balas, coletes à prova de bala e centenas de comprimidos de hormônios e um narcótico chamado Tramadol, que diminui a tranmissão da sensação de dor para o sistema nervoso.
Hasson, de 49 anos, terá uma audiência preliminar nesta quinta-feira (21), que definirá se ele aguardará preso ou em liberdade por seu julgamento. Ele foi detido por posse ilegal de armas e de drogas.
"É a ponta do iceberg. O acusado pretende assassinar inocentes em uma escala poucas vezes vista neste país", escreveram os promotores, pedindo que ele permaneça preso até ser julgado.
"Terrorista doméstico"
De acordo com a promotoria, Hasson "é um terrorista doméstico, dedicado a cometer atos que arriscam a vida humana e que pretendem afetar o funcionamento do governo".
Segundo os documentos, Hasson estava planejando os atentados enquanto lia o manifesto deixado pelo terrorista Anders Breivik, que matou 77 pessoas e deixou 51 feridos em dois atentados em Estocolmo, na Noruega, em julho de 2011.
O acusado, que já foi exonerado da Guarda Costeira, trabalhava na sede da corporação, em Washington, desde 2016. Ele também foi fuzileiro naval de 1988 a 1993 e esteve na Guarda Nacional durante alguns anos.
Mensagens de violência
Os documentos citados pelo Post não especificam os motivos que levaram à investigação de Hasson, mas mostram que ele tinha diversas mensagens guardadas como rascunhos de e-mails nas quais exaltava atos de violência.
"Por favor, me mandem sua violência, para que possa soltá-la nas cabeças deles. Guiem meu ódio para deixar uma marca neste mundo", ele escreveu. Algumas mensagens tinham sido escritas há vários anos.
Em uma carta que ele enviou a um líder neonazista, ele defende uma "pátria branca" e critica o movimento 'Unite the Right' ("Unir a Direita", em inglês), que fez uma passeata cercada de violência em agosto de 2017, em Charlottesville, na Virgínia.
"Nunca vi motivo para um protesto em massa, vestir uniformes e marchar provocando pessoas usando suásticas, etc. Sou um homem de ação, você não vai mudar opiniões com protestos assim. Mas você consegue fazer mudanças com um pouco de violência direcionada", escreveu Hasson.
A ideia dele seria criar uma situação de caos e revolta popular, estimulando violência e até ações de guerrilha. Em uma das buscas, a frase usada era "guerra civil se Trump sofrer impeachment".