Confronto deixou ao menos 19 feridos
Joshua Roberts/ReutersAs autoridades dos Estados Unidos começarão a investigar neste domingo (13) a violência decorrente de uma manifestação nacionalista, em Charlottesville (Virgínia), que deixou três pessoas mortas, feriu mais de 30 e desafiou a liderança do presidente Donald Trump.
O conflito na cidade universitária apresentou a Trump uma crise doméstica, com muitos na esquerda e direita criticando-o por esperar muito tempo para lidar com o tema. Quando fez isso, não conseguiu condenar explicitamente os manifestantes supremacistas brancos.
"Vamos ter mais manifestações em Charlottesville, porque nossos direitos constitucionais estão sendo negados", disse Jason Kessler, identificado por grupos de direitos civis como um blogueiro nacionalista. Ele não especificou quando.
Kessler organizou o comício "Unite the Right" em Charlottesville contra um plano para remover uma estátua do herói de guerra confederado, Robert E. Lee, de um parque.
Quatro pessoas foram presas na violência, incluindo James Fields, um homem branco de 20 anos de Ohio, suspeito de avançar com um carro em uma multidão de manifestantes contrários ao ato, no sábado (12), matando uma mulher de 32 anos e ferindo 19, cinco deles criticamente.
A polícia ainda não forneceu um motivo para o incidente, mas procuradores e FBI (polícia federal americana) abriram uma investigação sobre o acidente.
O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, um democrata, declarou uma emergência e interrompeu a manifestação branca nacionalista prevista para o sábado, mas isso não impediu a violência.
Cerca de 15 pessoas ficaram feridas depois que grupos rivais lutaram entre si usando pedras e spray de pimenta.
"Por favor, voltem para casa e nunca mais retornem", foi a mensagem de McAuliffe para os supremacistas brancos, dita em uma coletiva de imprensa.
"Não há lugar para vocês aqui, não há lugar para vocês na América", acrescentou.
Trump disse que "muitos lados" estiveram envolvidos nos incidentes de Charlottesville.
"Nós condenamos, nos termos mais fortes possíveis, essa exibição flagrante de ódio, fanatismo e violência em muitos lados", disse Trump aos repórteres no campo de golfe de Nova Jersey no sábado, onde passa férias.
A reunião planejada decorreu de um longo debate no sul dos EUA sobre a bandeira de batalha confederada e outros símbolos do lado rebelde na Guerra Civil, que foi travada pela escravidão.
A violência de Charlottesville é o último choque entre os extremos dos direitistas, alguns dos quais reivindicaram lealdade a Trump e os opositores do presidente desde a posse, em janeiro, quando os manifestantes anti-Trump vestidos de preto em Washington quebraram vidraças, incendiaram carros e entraram em confronto com a polícia, levando a mais de 200 prisões.
Cerca de duas dúzias de pessoas foram presas em Charlottesville em julho, quando o Ku Klux Klan reagiu contra o plano para remover a estátua de Lee. Os nacionalistas brancos também protestaram em maio contra a remoção.
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