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Uganda tem uma das maiores populações jovens do mundo: mais de 56% de seus 37 milhões de habitantes são pessoas abaixo dos 18 anos. As crianças são também o maior grupo vivendo abaixo da linha da pobreza no país, de acordo com um relatório publicado pela ONG Human Rights Watch.
Segundo o estudo intitulado Where Do You Want Us to Go? (Para onde vocês querem que nós vamos?, em tradução livre), as crianças ugandesas sofrem todo o tipo de abuso, como agressões e estupros.
A violência e a discriminação ocorrem por parte da polícia, das autoridades de governo locais e das comunidades em que os menores trabalham e moramHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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A quantidade de menores que vivem nas ruas é cada vez mais alta, mas o número total de pessoas nessa condição é desconhecido.
O relatório da organização Human Rights Watch se baseou em entrevistas feitas com cerca de 130 crianças que vivem ou já viveram em ruas da capital, Kampala, e de sete cidades em todo UgandaHuman Rights Watch
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Muitos menores deixaram suas casas devido a abusos, negligência e pobreza e sofrem brutalidades e exploração nas mãos de crianças mais velhas ou de mendigos adultos.
Eles geralmente não têm acesso a água limpa, comida, atendimento médico, abrigo ou educação.
Na imagem, meninos de rua na cidade de Mbale dormem em frente a lojas após elas terem terminado o expedienteHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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É muito comum que, durante a noite, policiais batam com cassetetes, chicotes ou arames nas crianças que dormem na rua.
Uns dizem que esta é uma forma de castigo pela “vadiagem”; outros exigem que os menores lhes deem dinheiro para que parem com a surraHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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Policiais e população das cidades ugandesas costumam tratar as crianças de rua como parte de problemas criminais maiores, arbitrariamente prendendo e batendo nelas.
Há uma crença comum de que todos estes menores são criminosos, e muitas crianças têm medo das autoridades, pois não há nenhuma lei ou código moral que as proteja de abusos.
Acima, criança de 14 anos lava as suas únicas calças em um canal em Kampala, com a camisa amarrada na cintura.Human Rights Watch/ Edward Echwalu
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Na imagem acima, um ugandês de 13 anos de Mbale mostra as feridas causadas por uma mulher que erroneamente o acusou de roubo e o agrediu.
Ele mora há oito anos nas ruas e já sofreu agressões tanto de policiais quanto da população. Ainda que sentisse muita dor, o menino não tinha dinheiro para atendimento médicoHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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As instituições governamentais não conseguem proteger adequadamente estas crianças, diz a ONG. Autoridades costumam ordenar batidas para tirar os menores das ruas, mas estas geralmente ocorrem antes de grandes eventos ou visitas oficiais.
As crianças são presas, forçadas a trabalhar para a polícia e depois devolvidas às ruas, em alguns casos após pagarem fiançaHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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Alguns menores passam os dias e noites nas ruas, outros trabalham nas ruas e voltam ocasionalmente para suas casas ou outros abrigos durante a noite. Todos sofrem alguma forma de abuso.
Na fotografia, um menino de 10 anos procura por sucata em lixão na cidade de Mbale. Ele vende pedaços de metal e garrafas de plástico vazias em troca de dinheiro, comida ou substâncias derivadas do petróleo, como cola de sapateiro, para cheirarHuman Rights Watch/ Edward Echwalu
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Criança de 11 anos cheira uma combinação de derivado de petróleo e destilado de café na cidade de Mbale. As crianças dizem que cheirar este tipo de substância faz com que elas sintam menos fome quando não conseguem dinheiro para comprar comida
Human Rights Watch/ Edward Echwalu
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Menino dorme sentado durante o dia em frente a loja fechada em rua de Mbale. Muitos menores preferem dormir durante o dia por medo de serem atacados por policiais ou crianças mais velhas de noite
Human Rights Watch/ Edward Echwalu
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Quando conseguem emprego, estes menores precisam trabalhar pesado por muitas horas e ganham muito pouco. Algumas crianças são vítimas de exploração sexual e precisam se prostituir para sobreviver. Além disso, tanto meninos quanto meninas sofrem constantemente abusos sexuais por crianças mais velhas e adultos que também moram nas ruas.
Estes crimes nunca são denunciados, pois as vítimas temem sofrer represálias de seus colegas ou castigos da políciaHuman Rights Watch/ Edward Echwalu