Vestidos de preto e armados com rifles de assalto, combatentes do
Hamas circulavam pelo túnel mal iluminado com facilidade, dizendo se
sentir em casa na rede de passagens subterrâneas na faixa de Gaza.
A
rara visita proporcionada pelo Hamas a um repórter, um fotógrafo e um
cinegrafista da agência de notícias Reuters, pareceu uma tentativa de exibir um dos túneis restantes do grupo islâmico, usados para realizar ataques ao território israelense e que, por isso, eram alvo da ofensiva de Israel
REUTERS/Mohammed Salem
"Estamos falando com vocês hoje de dentro de um destes túneis, que
Israel disse ter destruído. Nossos homens ainda estão operando neles,
preparados para tudo", disse um combatente mascarado das Brigadas Izz
el Deen al Qassam, braço armado do Hamas.
Vendados em um
veículo do Hamas que deu uma série de voltas, foi impossível à
reportagem da Reuters saber se a localidade secreta estava próxima da
fronteira ou mais no interior da faixa de Gaza, em túneis intocados
pelos bombardeios israelenses, nem para onde a escavação levava
REUTERS/Mohammed Salem
Segundo o relato de Israel, suas forças terrestres só se concentraram
em destruir túneis entre 2 e 4,5 km da fronteira, ignorando
passagens de conexão mais distantes. Durante a ofensiva em Gaza, os
militares israelenses levaram repórteres pelos túneis fronteiriços que
descobriram.
Conversando em voz suave e rindo às vezes, os
homens do Hamas guiaram a equipe da Reuters por corredores de menos de
um metro de largura, acessíveis por uma escada fina de metal em um
pequeno poço
REUTERS/Mohammed Salem
Em partes do túnel, o teto é alto o suficiente para andar em pé — ora em pisos de concreto, ora em terreno enlameado. Foi
impossível medir a extensão da escavação, que se ramifica em várias
direções.
Uma vez em seu interior, o som do tráfego e dos drones (aviões
não-tripulados) israelenses que sobrevoam rotineiramente o enclave de
1,8 milhão de habitantes desaparece
REUTERS/Mohammed Salem
Israel afirma que a rede de túneis é usada pelo Hamas para movimentar
e guardar armas e manter seus combatentes longe da mira das aeronaves. É
separada dos túneis de contrabando que existiam sob a fronteira com o
Egito, que destruiu essas passagens antes da guerra recente.
No
túnel, um membro do Hamas disse que o grupo irá levar adiante a
reposição de seu arsenal de foguetes e armas e reforçar sua rede
subterrânea.
— Na paz fazemos preparativos, na guerra usamos o que preparamos
REUTERS/Mohammed Salem
Israel
lançou sua ofensiva em Gaza em 8 de julho, após uma onda de ataques de
foguetes do Hamas na região de fronteira.
Forças terrestres israelenses
invadiram o território em 17 de julho com o objetivo declarado de
destruir túneis de infiltração e recuou em 5 de agosto, depois de dizer
que a missão havia sido cumprida