-
Na história da humanidade, bombas atômicas foram usadas apenas duas vezes em combate, ambas pelos EUA e contra o Japão, durante a Segunda Guerra Mundial — são as famosas bombas que caíram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
No entanto, testes nucleares com este tipo de armamento já aconteceram milhares de vezes ao redor do globo. A Coreia do Norte, por exemplo, testou seu arsenal atômico pela terceira vez em fevereiro deste ano.
O exercício militar levou o Conselho de Segurança da ONU a aplicar novas sanções econômicas ao país comunista, o que deu início a uma escalada militar e de ameaças na Ásia.
Mas qual o poder de fogo da bomba nuclear norte-coreana? Nas imagens a seguir, descubra alguns detalhes do programa militar de Pyongyang, compare com as duas bombas norte-americanas da Segunda Guerra Mundial e conheça o monstruoso arsenal atômico dos Estados UnidosMontagem R7/Reprodução/Associated Press
-
O teste nuclear realizado pela Coreia do Norte em 12 de fevereiro passado, o terceiro e mais forte de todos, garantiu o país como potência nuclear. Esse projeto, no entanto, começou há muito tempo.
A Coreia do Norte é acusada de manter um programa militar nuclear desde 1989, mas deu largada oficialmente em 2003, quando abandonou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Apesar das negociações com Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul, o Norte desafiou a comunidade internacional e, em 9 de outubro de 2006, realizou seu primeiro teste nuclear.
Acima, soldados norte-coreanos celebram em Pyongyang o exercício nuclear, que atingiu uma potência de, no máximo, 0,8 quilotons (1 quiloton equivale a 1.000 toneladas de dinamite)20.10.2006/KCNA/AP
-
Já o segundo teste norte-coreano aconteceu no dia 25 de maio de 2009. Sua potência foi estimada em 2,4 quilotons, provocando um abalo sísmico de 4,5 graus na escala Richter.
Acima, manifestantes protestam em Seul contra o teste de 200915.06.2009/Ahn Young-joon/AP
-
No dia 12 de fevereiro de 2013, um porta-voz do exército informou que a Coreia do Norte havia finalmente executado com sucesso um teste subterrâneo nuclear, o terceiro da história do país.
A autoridade revelou, ainda, que o país havia utilizado um dispositivo miniaturizado mais leve que os anteriores e com “grande poder explosivo”, o que aumentaria as chances de ele ser transportado por um míssilReprodução/Associated Press
-
Às 11h57 daquele dia, um tremor de 5,1 graus na escala Richter balançou uma área a 24 km de distância da cidade de Sungjibaegam, no nordeste do país.
Cidadãos da Província de Ryanggang, na Coreia do Norte, localizada a 80 km de distância do epicentro da explosão, relataram que muitos dos prédios de cinco a sete andares chacoalharam fortemente, causando rachaduras em suas estruturas.
A força exata da explosão não pôde ser estimada. O ministro da Defesa sul-coreano disse que foram de 6 a 7 quilotons de TNT, enquanto que a Noruega avaliou, por meio de seu instituto de medição sísmica, que a explosão chegou aos 10 quilotons. A Alemanha, por sua vez, cravou em 40 quilotons a força da bomba norte-coreana.
Para se ter uma ideia, a bomba “Little Boy”, lançada sobre Hiroshima, tinha força de 16 quilotons, enquanto que a “Fat Man”, que atingiu Nagasaki, chegava aos 21 quilotonsReprodução/Associated Press
-
Apesar de não haver um consenso, as potências envolvidas no conflito trabalham com as estimativas mais baixas.
Segundo um relatório publicado no início deste mês pelo Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA (CRS, na sigla em inglês), o maior problema dos norte-coreanos é justamente a miniaturização de suas ogivas.
O programa nuclear do país é baseado desde o início em plutônio, material que serviu para os testes de 2006 e 2009. Por isso, diz o documento, o teste de fevereiro passado provavelmente serviu para que o país avançasse na capacidade de colocar uma ogiva em um míssil de longo alcance.
Acima, protestos em Seul contra o ditador norte-coreano Kim Jong-un13.02.2013/Ahn Young-joon/AP
-
Apesar de pretender colocar uma ogiva nuclear em um míssil de longo alcance, a Coreia ainda não conseguiu testar com sucesso seu míssil de médio alcance, o Musudan (foto), que teria alcance de até 4.000 km.
Esses testes, no entanto, podem estar próximos, já que dois Musudan foram reposicionados este mês na costa leste do país. É o lançamento desse artefato que Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul aguardam atentamente nos últimos dias15.04.2012/ED Jones/AFP
-
Mas o problema de miniaturizar as ogivas continua emperrando o programa nuclear norte-coreano.
Na quinta-feira (11), um relatório da Agência de Inteligência da Defesa dos EUA (DIA, na sigla em inglês) revelou que a Coreia do Norte “provavelmente avançou em sua tecnologia nucelar a ponto de colocar uma ogiva em um míssil balístico”. Mas, segundo o mesmo documento, a arma não seria “confiável”.
Portanto, é improvável que a Coreia consiga efetuar ataques nucleares. Hoje, o regime comunista não conseguiria fazer o que os Estados Unidos fizeram com o Japão há quase 70 anosReprodução/Associated Press
-
A "Little Boy" foi a primeira bomba atômica do mundo a ser usada em combate. Em 6 de agosto de 1945, após seis meses de intenso bombardeio em 67 cidades do Japão, os EUA lançaram o artefato sobre Hiroshima.
Estrategicamente, a cidade foi escolhida por sua grande dimensão e também pelo potencial de destruição que poderia demonstrar após ser atingida. A população na época vinha diminuindo e estava em cerca de 225 mil pessoas, já que a cidade já passava por um sistema de evacuação ordenado pelo governo japonêsReprodução/Associated Press
-
Três aeronaves decolaram dos EUA: uma carregava o armamento, outra vigiava a missão, e a outra estava encarregada de fotografar e filmar a explosão. A bomba, que foi embarcada desarmada para evitar riscos, foi armada no ar pelo capitão. Então o ataque aconteceu: do alto, caiu sobre Hiroshima um míssil de gravidade com 60 kg de urânio-235.
Ironicamente, o exército japonês havia detectado em seus radares a aproximação das aeronaves uma hora antes do bombardeio, mas, acreditando serem aviões meteorológicos, achou melhor poupar combustível e não enviou agentes para interceptá-lasReprodução/Associated Press
-
A bomba explodiu a 600 m do solo, com uma potência de 13 quilotons de TNT, matando entre 70 mil e 80 mil pessoas instantaneamente. Nos anos seguintes, outras quase 20 mil pessoas morreram por causas relacionadas à radiação
Reprodução/Associated Press
-
Nagasaki, a cidade da segunda bomba atômica da história, não era o alvo inicial do avião que decolou dos EUA em 9 de agosto de 1945. No entanto, o céu do primeiro alvo, Kokura, estava coberto por nuvens e o combustível estava acabando, e então o piloto voou para a segunda opção, uma cidade de 240 mil habitantes.
A “Fat Man” despencou sobre o vale industrial de Nagasaki às 11h02, e explodiu a 469 m acima do soloReprodução: Associated Press
-
Os 6,4 kg de plutônio-239 explodiram, matando na hora cerca de 40 mil pessoas. Somando-se as vítimas que morreram nos meses posteriores por efeitos da radiação, este número poderia chegar a 80 mil
Reprodução: Associated Press
-
Quase 70 anos depois, o programa nuclear norte-americano ainda é monstruoso. O tamanho do arsenal do país foi um mistério até maio de 2010, quando o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares foi revisado e a administração Barack Obama resolveu divulgar as informações: são 5.113 ogivas funcionais. O país chegou a ter mais de 30 mil em 1967, em plena Guerra Fria.
EUA e Rússia assinaram um novo acordo (chamado Start e que entrou em vigor em fevereiro de 2011) para reduzirem seu arsenal atual para 1.550 ogivas cada11.08.2010/Susan Walsh/AP
-
Como base de comparação entre os dois programas nucleares, os EUA possuem o míssil balístico intercontinental Minuteman 3º, cujo alcance é estimado em 10 mil km.
Enquanto isso, os norte-coreanos testam o Musudan, de alcance de 4.000 km. O próximo passo de Pyongyang é testar o Taepong 2, que poderia atingir uma distância de até 6.000 km22.05.2008/U.S. Air Force/AP