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A cidade de San Pedro Sula, em Honduras, tem uma realidade bastante assustadora: lá, são registrados mais de três assassinatos por dia.
Aproximadamente dois terços da população vive em pobreza alarmante e traficantes de droga controlam a região, onde a ilegalidade se sobrepõe à Justiça.
Confira nas imagens a seguir o dia a dia da cidade mais violenta do mundoMontagem/Jorge Cabrera/REUTERS
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Em 2012 foram registrados 1.218 homicídios em San Pedro Sula, uma média de três por dia.
No ano passado, a agência de notícias Reuters alertou para o fato de que a economia de Honduras é uma das mais fracas da América Latina, onde quase 70% da população vive na pobreza.
Para boa parte da população, só há duas opções na vida: viver do crime ou tentar a vida nos Estados UnidosJorge Cabrera/REUTERS
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O tráfico de armas colabora para esse cenário: em San Pedro Sula, 70% das armas de fogo são ilegais.
83% dos homicídios na cidade são cometidos com essas armas. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse número é de 60%.
Homens armados controlam favelas e vilas, com plena consciência de que o trabalho da polícia é ineficaz e corruptoJorge Cabrera/REUTERS
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As gangues de rua, conhecidas como "Maras", se transformaram em crime organizado, enquanto traficantes de drogas vindos do México compram terras e recrutam seus próprios esquadrões de assassinos.
A Justiça parece um horizonte distante. Quase metade dos presos do país não foram condenados e espera-se muitos anos até mesmo para conseguir uma audiênciaJorge Cabrera/REUTERS
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Os que de fato vão para a prisão não raramente morrem lá dentro, vítimas de esfaqueamento, tiroteio ou até mesmo incêndio, como o que ocorreu em fevereiro de 2012 na prisão Comayagua, onde prisioneiros morreram queimados vivos em suas celas
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Em 1988, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou Honduras por não documentar o destino dos detidos e por permitir que a polícia interfira no trabalho de juízes que investigam determinados casos, com ameaças e negativas sobre os desaparecimentos
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Uma investigação feita pela agência AP no início deste mês constatou que grupos de extermínio da polícia agem com impunidade em Honduras, interpretando a lei como querem e tornando-se juízes de si mesmos.
Apesar dos milhões de dólares investidos pelos Estados Unidos para profissionalizar a polícia do país, o Ministério Público de Honduras recebeu cerca de 150 queixas formais contra esse grupo de extermínio, apenas na capital Tegucigalpa. Pelo menos outras 50 denúncias foram feitas no centro econômico de San Pedro Sula.
A Universidade Autônoma Nacional do país, citando relatórios da polícia, contou 149 civis mortos pela própria polícia durante os últimos dois anos, incluindo 25 integrantes de uma conhecida gangue de rua do localJorge Cabrera/REUTERS
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A polícia é acusada de agir mais como assassina do que como defensora da população, e alguns casos nunca foram investigados. Até mesmo um chefe de polícia foi acusado de agir como cúmplice.
No ano passado, houve a acusação de que policiais estariam envolvidos na morte de um importante jornalista de uma rádio hondurenha e do filho de um ex-chefe de polícia. Ambos os casos ainda não foram resolvidosJorge Cabrera/REUTERS
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No ano passado, o inspetor Juan Carlos Bonilla foi escolhido para liderar a força policial nacional, apesar haver perguntas sem respostas sobre seu passado. Em 2002, ele foi acusado de três execuções e ligado a mais 11 mortes e desaparecimentos que ele disse fazerem parte de uma política de "limpeza social" da polícia
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Ele foi julgado e absolvido em uma das três acusações. A chefe da unidade de assuntos internos, que produziu o relatório, Maria Luisa Borjas, foi expulsa do departamento. Os outros dois casos, como a maioria dos crimes em Honduras, sequer foram investigados.
O Congresso americano decidiu suspender o financiamento do Departamento de Estado para a polícia enquanto o relatório de assuntos internos de 2002 é investigadoJorge Cabrera/REUTERS
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Entretanto, Roberta Jacobson, secretária-adjunta do Estado americano para assuntos do hemisfério ocidental, disse na semana passada que o departamento está constantemente revisando informações sobre pessoas e instituições que recebem apoio em Honduras e que os Estados Unidos continuarão a financiar e treinar a polícia hondurenha.
Cerca de US$ 11 bilhões já foram liberados baseado em um acordo do Congresso com o Departamento de EstadoJorge Cabrera/REUTERS
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O senador Patrick Laehy, presidente da Subcomissão das Apropriações do Senado para o Departamento de Estado e Operações Exteriores, afirma que nenhuma unidade sob o controle de Bonilla deverá receber assistência americana sem informações que desmintam as acusações sobre o hondurenho
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Em maio do ano passado, Bonilla foi nomeado chefe de polícia após seu antecessor, o general Ricardo Ramírez del Cid, ter perdido o cargo por conta de acusações que indicavam o envolvimento de policiais no sequestro e assassinato do jornalista Alfredo Villatoro
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Honduras teve uma tentativa frustrada de fazer uma limpeza dos policiais corruptos, após o envolvimento de parte deles no assassinato do filho de Julieta Castellanos, reitora da Universidade Autônoma Nacional
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Entre maio e novembro do ano passado, centenas de policiais foram submetidos a verificações. Até o final do ano, 33 deles foram afastados, mas o Tribunal Constitucional interrompeu esse tipo de ação, alegando que ela violava os direitos dos acusados
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