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A Copa do Mundo e as guerras viveram uma relação de altos e baixos. Em muitos casos o evento mais atraente do esporte serviu para amenizar conflitos mas, em outros, não conseguiu impedir o crescimento de regimes ditatoriais. Um desses exemplos foi em relação ao governo do ditador Benito Mussolini, que havia sido nomeado primeiro-ministro italiano em 1922. Ao assumir o poder, impôs o fascismo e conduziu o governo de forma ditatorial, em uma luta contra o socialismo. Conheça esse e outros casos em que a Copa do Mundo reuniu seleções em conflito ou teve a função de fortalecer governos autoritários
Reprodução/Wikimedia commons
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Copa do Mundo de 1934
Mussolini se aproveitou da popularidade do futebol. Utilizou a Copa do Mundo de 1934, sediada em seu país, para divulgar o que chamava de "supremacia fascista italiana". Na final, estava presente no estádio do Partido Nacional Fascista, em Roma, e viu a seleção italiana vencer a Tchecoslováquia por 2 x 1, na prorrogação. Festa para a população e também para o governoGetty Images
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Itália x Coreia do Norte, 19 de junho de 1966
Em partida realizada no Ayresome Park, Middlesbrough, a Itália perdeu para a Coreia do Norte, em uma das maiores zebras da história das Copas. Mas, acima do resultado deste jogo, válido pela Copa do Mundo da Inglaterra, questões geopolíticas estiveram envolvidas na partida, já que se enfrentaram duas seleções antagonistas na Guerra FriaGetty Images
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De um lado, a Itália, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que estava prestes a entrar em seus anos de chumbo, quando direita e esquerda se enfrentaram realizando atentados e emboscadas pelo país. E de outro, a Coreia do Norte, país comunista que invadiu a Coreia do Sul em 25 de junho de 1950, dando origem à Guerra da Coreia, que manteve os dois países não só divididos como em conflito permanente
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Alemanha Oriental 1 x 0 Alemanha Ocidental, 22 de junho de 1974
Também a Guerra Fria foi pano de fundo para o jogo entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, em 22 de junho de 1974, na Copa do Mundo realizada na Alemanha Ocidental. Os dois países estavam divididos desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1945). A Alemanha Oriental, controlada pelo regime comunista soviético, passava por anos de privação e censura, com seus habitantes sendo impedidos de ouvir jogos da seleção ocidentalReprodução/Wikimedia commons
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Em campo, os orientais venceram por 1 x 0, gol de Jurgen Sparwasser (foto), em partida válida pela primeira fase. Até hoje há a suspeita de que a Alemanha Ocidental, que no fim se sagrou campeã, entregou o jogo para ficar em segundo e pegar um adversário mais fácil no cruzamento
Reprodução/Wikimedia commons
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Argentina - Copa de 1978
Em 1978, a Argentina, sede da Copa do Mundo daquele ano, vivia uma ditadura militar desde 1976. O governo promoveu perseguições a oposicionistas, mas buscava manter uma imagem positiva para o mundo, usando o futebol como pretexto. Na foto, Mario Kempes, destaque argentinoGetty Images
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Um título da seleção nacional também serviria como um antídoto para os opositores e, diante dos interesses governamentais, a Argentina sagrou-se campeã de maneira polêmica. No quadrangular do qual um se classificaria para a final, ganhou do Peru por 6 x 0, ficando com a vaga nos saldo de gols. Acontece que a partida entrou para a história com a fortíssima suspeita de que houve suborno para que jogadores peruanos fizessem corpo mole
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Argentina x Inglaterra, 22 de junho de 1986
Quatro anos depois, também por interesse do governo de ganhar popularidade e desviar o foco da crise, a Argentina, comandada pelo general Leopoldo Galtieri, tentou recuperar à força as Ilhas Malvinas, ao lado de seu território, mas controladas pela Inglaterra. A guerra foi sangrenta, vencida pelos ingleses, e causando a morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e 3 civis das ilhasGetty Images
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A derrota acelerou a queda da Junta Militar na Argentina. As duas seleções se enfrentaram em 1986, e, inspirado inclusive pela revolta contra a postura inglesa na guerra, Maradona (foto) deu um show, fazendo um dos gols mais belos da história das Copas, naquela vitória por 2 x 1 que classificou a Argentina, futura campeã, para as semifinais
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Estados Unidos 1 x 2 Irã, 21 de junho de 1998
Na Copa da França, em 21 de junho de 1998, EUA e Irã se enfrentaram em um jogo histórico, já que colocava frente a frente as seleções de dois países que eram inimigos políticos desde 1979, ano da Revolução Islâmica no Irã
Fifa ignora ameaça de guerra e mantém Copa do Mundo na RússiaGetty Images
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O jogo foi vencido por 2 a 1 pelos iranianos. Mas as hostilidades ficaram fora das quatro linhas, com as duas seleções se confraternizando antes do jogo, tirando inclusive fotografias juntas, como se fossem um mesmo time. Um time não só de futebol, mas, naquele momento, também da paz
Torcedores contam quais jogadores levariam para a Copa do Mundo da RússiaGetty Images