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O avanço do grupo radical EI (Estado Islâmico) em cidades do Iraque e da Síria tem assustado o mundo todo. Com a promessa de estabelecer a lei islâmica, o EI já conquistou milhares de combatentes, inclusive estrangeiros. A presença de crianças em vídeos divulgados pelo grupo mostra que muitos meninos de pouca idade já são treinados para o combate.
Algumas crianças são tão pequenas que não conseguem nem conter a força das armas quando disparadasMontagem R7
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O vídeo do Estado Islâmico divulgado pela emissora norte-americana CNN mostra muitos meninos manuseando armas de alto calibre. Alguns, de acordo com a emissora, "mal tem idade suficiente para andar, muito menos para compreender o mundo".
O grupo parece se vangloriar de seus membros mais jovensReprodução/CNN
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O grupo, que segue a linha-dura ideológica da Al Qaeda, continua propagando o terror, orientando crianças que os infiéis ao califado e a lei islâmica devem morrer.
De acordo com o tabloide britânico Daily Mail, a maioria das crianças que aparecem nos vídeos do EI não passam de oito anos de idadeReprodução/CNN
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As crianças que são convocadas para a guerra são treinadas e orientadas por adultos. Eles entregam armas automáticas para que os meninos "combatam o inimigo".
Em muitos casos, as crianças, que normalmente são filhos de rebeldes, são obrigadas a assistirem assassinatos violentos, com tiros à queima roupa.Reprodução/CNN
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Em um dos vídeos, Mohammed (nome fictício usado para proteção do menor) conta que queria lutar pelo grupo, sem a permissão do pai. Quando o EI soube que o pai dele não permitia que o menino integrasse o grupo armado, enviou militantes para conversarem com ele.
"Se você evitar que Mohammed venha para o nosso acampamento, nós vamos decapitar você", conta o pai do menino, que não quis se identificarReprodução/CNN
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"Por 30 dias, nossa rotina era acordar, correr, tomar café da manhã, aprender o Corão [livro sagrado dos muçulmanos] e aprender a manejar armas e outras coisas do meio militar", disse Mohammed.
Ele conta que militantes do EI zombavam das crianças e que alguns eram obrigados a assistir coisas horríveisReprodução/CNN
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Mohammed continua: "Eles acostumavam trazer crianças para o acampamento para atacá-los. Quando vamos à mesquita, eles pedem para voltarmos no dia seguinte, em um horário e local específico, para vermos homens decapitados, crucificações ou apedrejamentos. Nós já vimos um homem crucificado por três dias porque chegou atrasado às orações do Ramadã e também uma mulher ser apedrejada até a morte porque cometeu adultério"
Reprodução/CNN
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Para ele, as lições sobre a importância do jejum e da oração fazem sentido, mas ele afirma que não entende porque deve lutar contra os infiéis.
Os meninos levados pelo grupo devem jurar fidelidade ao líder, Abu Bakr al BaghdadiAP
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O pai de Mohammed tentou visitar o menino por várias vezes, sem sucesso. De acordo com a CNN, os guardas diziam a ele que o menino não estava ou que estava em patrulha.
"Ele é apenas uma criança, eles podem torná-lo um homem-bomba, convencendo-o que ele estará no paraíso ou algo assim. Ele é uma criança, não é possível", diz o homemAP
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Um dia, o pai de Mohammed conseguiu tirar seu filho do lugar de descanso do Estado Islâmico e fugiu com a família para a Turquia. O menino não sabe o que fazer agora, já que se considera muito velho para a escola.
E ele ainda tem muitas memórias dos amigos que viu morrer em combates do grupo armado contra as forças do governo sírioGetty Images
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"Eu amo minha religião porque eu sou um muçulmano. Eu costumava a ir com meu pai à mesquita fazer as orações antes do Estado Islâmico. Meu pai me ensinou que a religião não é sobre lutas, mas sobre o amor e o perdão", diz Mohammed.
Agora que estão na Turquia, o menino e seus familiares se sentem seguros, mas temem o número crescente de jihadistas no Oriente MédioReprodução/CNN