Trabalhando sob sombra de arranha-céus da grande de Pequim, vários migrantes chineses lutam para sobreviver a partir do que sobra nas lixeiras dos opulentos condomínios e shopping centers da cidade.
Apesar da ideologia comunista que supostamente rege o governo chinês, como em qualquer cidade capitalista, a profissão dos catadores de ferro-velho, plásticos, latinhas e papéis se tornou meio de vida para milhares de trabalhadores migrantes chineses
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Os catadores de sucata em Pequim são em sua maioria migrantes de outras regiões chinesas que foram expulsos de suas terras diante da pressão econômica. A enorme procura por terras e novas áreas para a produção fez com que zonas tradicionais fossem invadidas por industrias, latifúndios e multinacionais.
O fenômeno causou uma rápida valorização das propriedades rurais obrigando milhares de trabalhadores a procurarem ocupação nos centros urbanos, como foi o caso de Mr Liu (foto)
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Entretanto, o governo de Pequim não vê com bons olhos a proliferação de triciclos carregados de lixo cruzando as ruas da capital. "O governo da cidade está tentando forçar os trabalhadores migrantes a deixar Pequim, eles dizem que há muitos de nós e não há espaço suficiente", disse Yin, que vem da província central chinesa de Henan.
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Diferente de outras cidades do mundo, Pequim não possui um amplo programa de reciclagem e os migrantes são parte essencial na cadeia da coleta seletiva. Mesmo assim, as autoridades da capital na semana passada bloquearam vias para impedir a circulação dos catadores
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"Os cidadãos de Pequim não conseguiriam viver um dia sem nós. Quem é que vai recolher todo o lixo? Quem é que vai reciclar tudo isso?", disse Yin
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Alguns destes catadores já vivem na cidade há mais de dez anos e se mostram indignados com a situação
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Em média os migrantes chegam a tirar mais de 1.500 reais por mês apenas recolhendo lixo
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Entretanto, a especulação imobiliária na capital chinesa tem aumentado o preço de vida na região, obrigando muitos destes migrantes a se mudarem para areas ainda mais distantes do centro
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Uma geração de jovens consumidores cresceu na China sem os hábitos de reciclagem.
Esta ausência do impulso para reciclar, junto com o crescimento econômico astronômico, a urbanização rápida e aumento do consumo, levaram a China a ultrapassar os Estados Unidos como o maior gerador mundial de resíduos em 2004, afirma o Banco Mundial
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Em 2025, a China vai produzir cerca de 1,4 milhão de toneladas de resíduos todos os dias, entretanto com a perseguição aos catadores, o país está fadado a ter que enterrar ou queimar os resíduos
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Dong Dingxia, de 50 anos, que deixou sua fazenda, acompanhada por seu marido, para recolher pedaços de madeira em Pequim após seus filhos partirem para universidade, também se mostra intrigada com a situação. —Eu não entendo por que estamos sendo expulso. Não será bom se o lixo começar a acumular ao redor da cidade.
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As autoridades estão aumentando a pressão para que os catadores e seus pátios de lixo deixem a cidade
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Para muitos o governo de Pequim já estipulou o prazo de dez dias para deixarem de lado seus trabalhos e procurarem outro lugar para ocupar