A cidade de
Candaar, reduto do Taleban no Afeganistão, costuma ser conhecida por seus cenários de guerra e violência. Porém, nos últimos anos, uma nova geração de artistas tem
enchido muros locais de cores e formas artísticas.
Malina Suliman, de
24 anos, é uma dessas artistas. Uma das primeiras grafiteiras do país, ela usa desenhos
para despertar a consciência crítica da população e encorajar as mulheres a
lutar por seus direitos.
Conheça a seguir um
pouco mais sobre o seu trabalho
Montagem R7
“Minhas
artes visuais são sobre a situação no Afeganistão e um modo de questionar a minha
própria identidade e papel na sociedade”, diz Malina
Reprodução Facebook
Ela conta que cresceu em um ambiente em que bombas, tiros, mortes, opressão diária e injustiças são normais, enquanto ignorância e crimes são recompensados.
Sua arte tem o objetivo de levantar a voz das mulheres e aumentar a consciência sobre seus direitos: “Eu queria refletir a verdadeira imagem dos violadores em vez de recompensá-los”
Reprodução kabulartproject.com
Em
2011, ela começou um projeto na cidade de Candaar.
Ela usou o grafite, a
pintura e a escultura para ajudar as mulheres afegãs a lidar com a violência
diária. “Grafite, para mim, é uma arma que pode atingir as emoções do público
de forma positiva”, diz
Reprodução Facebook
Seus
trabalhos em grafite têm traços relativamente simples, mas passam uma mensagem
muito clara. Ela cita o desenho de um esqueleto usando uma burca azul que, “ainda
que controverso, fez gerar muita discussão”
Reprodução kabulartproject.com
Os
desenhos de Malina retratam a opressão feminina e a resistência, e buscam
instigar a esperança e a coragem no público.
Ela tem uma série de pinturas de
uma mulher presa em uma caixa de gelo, por exemplo. Há também grafites de uma
mulher com um martelo, tentando quebrar uma porta que está fechada para ela,
além de desenhos esqueletos de mulheres cozinhando e sendo agredidas
Reprodução kabulartproject.com
O
projeto, que começou em Candaar, foi replicado também em outras grandes cidades
afegãs, como Cabul e Mazar-e Sharif.
Ao representar uma cultura de
violência abertamente, Malina pôde aumentar a consciência sobre a situação em que as mulheres vivem e
permitir que os afegãos falem sobre isso
Reprodução Facebook
Porém, o
projeto não foi fácil. Por Malina ser uma mulher e a primeira artista
provocativa da cidade, seu trabalho era algo muito ousado para ser feito no
reduto do Taleban. Ela e sua família receberam várias ameaças do grupo
extremista islâmico, e ela precisou deixar o seu país natal
Reprodução Facebook
“A arte
de rua é realmente desafiadora, mas no Afeganistão é algo entre desafio e
impossibilidade, principalmente para as mulheres”, diz Malina
Reprodução kabulartproject.com
Atualmente, Malina mora na Holanda e faz mestrado em artes visuais. No entanto, seu trabalho rendeu frutos em seu país.
Ao fazer parte da primeira geração de artistas e grafiteiras do Afeganistão, ela facilitou os workshops sobre arte contemporânea e grafite em Candaar para as futuras mulheres interessadas em arte
Reprodução kabulartproject.com
Estes
workshops tiveram um retorno positivo na forma de novos grafites em toda a
cidade de Candaar. As paredes antes brancas têm, agora, imagens provocativas
que levantam questões e encorajam as comunicações. Elas representam as vozes
silenciadas das mulheres oprimidas.