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Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados em todo o mundo anualmente. O número mostra que quase 1/3 de toda a alimentação produzida pela humanidade, segundo cálculo da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), é jogado no lixo.
O prejuízo chega a cerca de R$ 1,82 trilhão, segundo a FAO.
Para lutar contra esse número assombroso surgiu o movimento do freeganismo, que prega o boicote ao consumo desmedido de alimentos e o fim da exploração ambiental. Para isso, eles não compram comida, apenas vasculham o lixoReprodução/Freegan.info
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O freeganismo se tornou famoso em meados dos anos 90, junto com outros movimentos anarquistas que lutaram durante o encontro da Organização Mundial do Comércio, na cidade de Seattle, em 1999, que foi um dos definiram os contornos da globalização.
O termo foi criada da junção das palavras inglesas free (livre, grátis) e veganism (veganismo, que é a postura de não ingerir alimentos de origem animal)
Leia também: Novidade no Brasil, Black Blocs surgiram há quase três décadasReprodução/Wikimedia Commons
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Não existe qualquer centralização no grupo, e vários deles adotam práticas bastante diferentes. Em países como Estados Unidos e Europa, em que casas e prédios possuem lixeiras metálicas grandes do lado de fora, os freeganistas fazem verdadeiros mergulhos para recuperar alimentos que podem ser consumidos
Reprodução/YouTube
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Já em países em desenvolvimento, onde o lixo é descartado em recipientes muito menores, eles frequentam feiras livres, depósitos de supermercados e centros de distribuição para pegar alimentos que seriam desperdiçados ainda em condições de consumo
Reprodução/Danielle Ward
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Em diversos fóruns freeganistas, como o freegan.info, são ensinadas técnicas para otimizar a produção de alimentos em pequenas propriedades. Hortas, pequenas feiras de trocas e pequenos centros de distribuição são alguns dos itens que ajudam a diminuir a necessidade de compra
Reprodução/Philomena Bubaris
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Os integrantes do movimento geralmente são bem radicais com relação ao ambiente e a exploração animais, e não consomem carne ou utilizam produtos que contenham componentes extraídos da fauna. Roupas, produtos de limpeza e até remédios e itens de higiene pessoal testados em animais são combatidos e considerados "agressivos"
Reprodução/Wikimedia Commons
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Também são incentivadas as chamadas "táticas de ocupação territorial". Uma vez que os freeganistas acreditam que a moradia é um direito universal, os militantes ocupam casas abandonadas e incentivam a criação de hotéis comunitários.
Dentro desses espaços ocupados, geralmente são ensinadas as técnicas de vida alternativa e atividades artísticas.
Na imagem, uma comunidade (okupa) de freeganistas em BarcelonaReprodução/Wikimedia Commons
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Dentro da ideologia do movimento, o trabalho é considerado "submissão a um sistema opressor", e os integrantes dele adotam o desemprego voluntário. Uma vez que toda a alimentação é obtida do lixo gratuitamente e as casas são ocupadas, as despesas deles são reduzidas
Reprodução/Robin Pickell
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O desperdício também é evitado, através de trocas de itens e o aprendizado de consertos em itens que estão com defeito, além da construção de itens por eles mesmos
Reprodução/Hack a Life
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As reações públicas a essas práticas são adversas. Muitos a encaram como "coisa de vagabundo" ou pessoas que não conseguiram emprego. Também são encarados com desconfiança por diversos governos que chegam a considerar as atividades deles — principalmente as ocupações — ilegais, além de questionaram a saúde deles ao comerem alimentos descartados
Reprodução/Wikimedia Commons
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Os teóricos anarquistas rebatem as acusações, e afirmam que a 'mais-valia' é o grande problema, por incentivar o descarte de produtos perfeitamente utilizáveis para que não hajam perdas financeiras
Reprodução/Danielle Ward
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O pesquisador e escritor Jeff Shantz relatou como os integrantes do grupo Food Not Bombs, que recolhe comida utilizável em lixões, foi perseguido pela polícia apenas por dar alimentos sem cobrar. O grupo começou com uma ação noturna em Boston e se tornou global, e ajuda milhares de sem-teto ao redor do mundo
Reprodução/Robin Pickell