Acorrentado
firmemente à parede pelos braços e pernas, e com apenas um pedaço de pão para matar
a fome, é fácil pensar que este homem está encarcerado por algum crime hediondo
que cometeu.
Mas ele,
assim como todos os outros homens que aparecem nas fotos a seguir, não é um
criminoso. Ele é um viciado em recuperação.
No
Afeganistão, o tratamento contra as drogas é assim
AP/Rahmat Gul
Estes homens,
presos e esquálidos, estão nestas condições ou como uma tentativa de curar sua
doença - o vício nas drogas – ou porque se acredita que eles estejam possuídos
por espíritos do mal.
Na
cultura local, homens que passam 40 dias encarcerados no santuário de Mia Ali
Baba, em Jalalabd, mantendo uma dieta rigorosa de pão e água, têm mais chances de
se livrar dos “demônios”
AP/Rahmat Gul
Sem
acesso nem às condições mais básicas de saúde por causa da pobreza, muitas famílias
afegãs estão recorrendo a este tipo de tratamento para tentar salvar seus entes
queridos.
É fácil
de entender que um número enorme de pessoas recorra a isso, considerando-se
que, de acordo com estimativas do governo, 60% dos cidadãos sofrem de problemas
psicológicos
AP/Rahmat Gul
Entre os “prisioneiros”
no santuário atualmente estão Mohammed Ali, de 36 anos, e Nabiullah Safi, de 23,
ambos viciados em drogas que estão lá buscando a cura
AP/Rahmat Gul
Mohammed
Sadeq, de 40 anos, diz que não faz ideia do que há de errado com ele, apenas
que tem mudanças de humor “muito selvagens”.
Segundo ele,
as crianças de seu bairro o chamavam de “louco” e jogavam pedras nele
AP/Rahmat Gul
Todos os
homens são mantidos em pequenos cômodos sem janelas, e são autorizados apenas a
lavar suas mãos e rosto.
Falar é
proibido.
Embora o
lugar seja considerado sagrado, as condições em que vivem os prisioneiros são
precárias, incluindo o fato de que convivem com poças cheias de seus próprios
excrementos.
Para que os
homens sejam autorizados a sair um pouco ao ar livre, ir a um banheiro de
verdade ou rezar, é preciso que um dos cuidadores ache que eles estão “melhorando”
AP/Rahmat Gul
O
santuário do Afeganistão aceita doentes mentais já há 300 anos, mas obviamente
são é visto pelos profissionais de saúde, que dizem que é um local ineficaz.
Em sua
defesa, os responsáveis dizem que estão apenas mantendo a tradição criada por
Ali Baba, a figura histórica que batiza o santuário
De acordo
com o que se conta, Ali Baba teria cuidado de doentes mentais enquanto eles
eram evitados por todos.
AP/Rahmat Gul
Um dos
cuidadores diz já ter visto centenas de homens saírem de lá curados.
Segundo
Mia Subadar, ele faz este trabalho como uma obrigação de família. “Mas é também uma honra”, justifica ele