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A paralisação dos trabalhadores por 24h, programada para esta terça-feira (20), envolve as duas principais centrais sindicais argentinas – a CTA e a CGT – e acontece menos de 15 dias após outra grande mobilização contra a presidente Cristina Kirchner tomar as ruas do país
REUTERS/Martin Acosta
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Dentre as diversas demandas populares destacam-se as críticas à condução econômica do país e algumas atitudes governistas consideradas autoritárias. Aos poucos, a rejeição da primeira presidente eleita da Argentina cresce deixando dúvidas sobre o futuro legado do “kirchnerismo”
REUTERS/Enrique Marcarian
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Inflação: desde a crise financeira de 2001, que levou ao não pagamento da dívida externa do país, o governo argentino não foi capaz de gerar crescimento econômico que resultasse no aumento sustentado da renda e do poder de compra dos cidadãos. Isso se deu principalmente pelo impacto da alta inflação na vida dos argentinos
REUTERS/Marcos Brindicci
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O Estado aplicou em vão muitas fórmulas para impedir a onda inflacionária, tais como a autoritária proibição das estatísticas não oficiais com os dados sobre o desempenho monetário do país, o congelamento de tarifas básicas - como transporte público, água e luz-, e a intervenção direta do governo impedindo o setor privado de repassar os custos para os consumidores
REUTERS/Marcos Brindicci
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Infraestrutura: os argentinos não veem projetos na infraestrutura do país desde os anos 90. Após 2001, a economia estava quebrada e até hoje não atrai grande interesse. Assim, cortes de energia, acidentes com trens de cargas e urbanos e falhas no fornecimento de combustíveis se tornaram frequentes
Julio Sanders/Reuters
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Mercado financeiro: inquestionavel- mente dentre os atores econômicos, os mais impactados pelo default (não pagamento da dívida externa) de 2001 estavam na área financeira. Ou seja, bancos, seguradoras, corretoras e afins que hoje ainda estão atrasados e sem credibilidade. Apenas 30% dos argentinos possuem contas em bancos locais
AP Photo/Natacha Pisarenko
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Estatizações: até o último dia da gestão do ex-presidente Carlos Menem, em 1999, a Argentina era um radical seguidor do neoliberalismo com a economia dolarizada e os principais serviços privatizados. Os kirchners estatizaram o que conseguiram nos seus anos de gestão, a sensação é de que o país parou no tempo
P Photo/Natacha Pisarenko
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Investimentos:com um histórico no mercado manchado pela quebra de 2001, sem bancos confiáveis, sem uma bolsa de valores atrativa e com enorme intervenção e regulamentação estatal, os empreendedores não se sentem seguros para reinvestir seus lucros e fazer o capital girar de forma produtiva e geradora de renda e emprego
AP Photo/Victor R. Caivano
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Indústria:com a redução do consumo médio e a falta de interesses dos investidores,a indústria está perdendo espaço na participação da economia. Há um evidente processo de desindustrialização em vigor, empresas foram fechadas e o país está mais dependente das importações para garantir a disponibilidade de itens
REUTERS/Fabian Bimmer/File
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Dependência agrícola: o aumento vertiginoso do consumo global de commodities causado pelo apetite chinês fez da agricultura o único motor relativamente estável para a economia argentina. Mas como efeito colateral, o governo hoje depende enormemente das exportações do setor para o gigante oriental como fonte de capital
REUTERS/Marcos Brindicci
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Gestão pública: a falta de transparência, indiscutível consequência da administração conduzida pela liderança de Cristina e de seu ex-marido, é um obstáculo para a vigilância dos cidadãos em relação ao planejamento e aplicação dos projetos estatais
AP Photo/Natacha Pisarenko
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Corrupção: 54% dos argentinos alegam com segurança que é possível subornar um juiz, e apenas 18% crê que as leis são aplicadas igualmente para todos. De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Crimes Econômicos, leva 14 anos para um processo de corrupção ser julgado no país
Faixa REUTERS/Marcos Brindicci
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Poder judiciário: analistas internacionais denunciam que houve uma enorme politização do judiciário argentino durante a gestão dos kirchners o tornando pouco confiável, ineficaz e suscetível a reveses regulatórios. Como ocorrido no processo de nacionalização da YPF, questionado pelo governo espanhol
AP Photo/Natacha Pisarenko
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Violência: com a piora da situação econômica nacional e a queda na qualidade dos serviços públicos (como educação), a população argentina está assistindo a um crescimento da violência em muitas regiões do país. Casos envolvendo uma delinquência juvenil inédita são frequentemente destacados pela mídia local
AP Photo/Natacha Pisarenko
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Perseguições: o governo de Cristina Kirchner também é acusado de perseguir os veículos de comunicação opositores, como é o caso de Clarín e La Nación. Novas medidas aprovadas pelo congresso devem expropriar do grupo Clarín diversos canais televisivos e a editora responsável pelo papel impresso do periódico
DANIEL GARCIA / AFP
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Câmbio: outra medida polêmica para segurar a fuga de capitais adotada por Cristina, é o controle estatal das transações com moeda estrangeira. Recentemente, foi estipulado um limite de compra sujeito à aprovação do governo. Por isso, hoje é possível negociar dólares e reais nas ruas argentinas baseado numa cotação paralela
Wikimedia Commons
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Aparelhamento do Estado: desde de Néstor Kirchner (foto), o "kichnerismo" utilizou a máquina pública em seu favor. Críticos acusam que cargos vitais foram rifados para pessoas despreparadas. As Aerolineas Argentinas e Austral estão no vermelho desde a estatização e hoje dependem de ao menos R$ 5 milhões diários do governo
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Reeleição: Cristina pretende enviar ao congresso uma proposta de lei para viabilizar seu terceiro mandato, algo atualmente inconstitucional. Sua gestão deverá terminar em 2015, aparentemente não há candidato forte para a sucessão e a reeleição é uma opção. No dia 8 de novembro, 2 milhões de argentinos protestaram contra o projeto
Victor R. Caivano/23.10.2011/AP
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Seguro desemprego: a líder argentina também está sofrendo pressão em relação ao valor da ajuda pública aos desempregados, congelada desde 2006. Hoje em dia, mesmo com a inflação acumulada dos últimos 6 anos, o trabalhador continua a receber apenas R$ 172 (400 pesos) como auxílio
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Radicalismo: o "kirchnerismo" tem uma vertente chamada radical-K de fiés seguidores de Cristina. Ela foi formada principalmente por jovens ativistas de 2001, quando a população derrubou presidentes. As vezes, estes extremistas surgem intimidando e amedrontando os opositores, o grupo La Cámpora é um dos membros
AFP PHOTO/ TIMOTHY A. CLARY
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Taxa de exportação: faz tempo que o setor mais competitivo da nação, o agrícola, é obrigado a pagar para exportar. Em protesto, agricultores já pararam as estradas duas vezes, em 2008 e 2011. São raros os países que cobram pelos produtos vendidos ao exterior, principal fonte de capital para a economia local
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