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Desde que os primeiros conflitos em Sudão do Sul começaram, em 1955, gerações de famílias vivem em fuga constante. Apesar do acordo de paz de 2005, que culminou seis anos depois com a independência de Sudão, a trégua durou pouco. Há um ano, um novo conflito entre apoiadores do governo e a oposição forçou o deslocamento de 1,9 milhões de pessoas. No assentamento de Mingkaman, o fotógrafo Andrew McConnell acompanhou o cotidiano de seis famílias para descobrir como as guerras às afetaram. Na imagem, três gerações da família Deng posam em frente ao seu lar, em Bor. Ayuel, de 43 anos e sua esposa Akuang, Adau Mabior, de 80 anos, e Athieng, de 9 anos. Aos 12 anos, Ayuel foi o primeiro a fugir com seus pais e irmãos, durante um ataque aéreo em seu vilarejo
©UNHCR/A.McConnell
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Athieng, de nove anos, posa ao lado do seu lar temporário em Bor, Sudão do Sul. Athieng lembra do ataque na sua vila e o som das armas. “O barulho era muito alto, como se eles estivessem atrás de mim e parecia que as balas iam me acertar”, descreve. A criança diz que perdeu seus amigos: “Eu não sei se vou vê-los de novo”. Segundo Adau Mabior, avó de Athieng esta é a terceira vez que eles fogem dos conflitos
©UNHCR/A.McConnell
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Ayak Lual, 33 anos, mora com seus filhos em Mingkaman. Ayak vem de uma família numerosa, e conta que passou grande parte da sua vida fugindo e se sentindo solitária. A mãe de Ayar foi capturada por soldados durante a segunda guerra de Sudão, e somente após 10 anos elas se reencontraram. O irmão dela ficou doente e morreu enquanto o seu pai Lual Arok (de shorts azul) foi forçado a fugir durante a primeira guerra. A esposa do Lual Arok foi morta no começo do 2014. “Eu pensei que a guerra e sofrimento tivessem passado, mas ainda não”, disse ele. Hoje a família mora em um abrigo improvisado
©UNHCR/A.McConnell
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Na foto, Ayak Lual aparece junto ao seu filho Adoor, de 12 anos, e sua filha Akon, de 8. Eles estão do lado de fora do abrigo temporário em Mingkaman. Para Ayak, ser perseguida novamente significa que seus sonhos ainda a aguardam. “Eu tinha um negócio vendendo chá no mercado, mas eu não poderia continuar com isso aqui”, ela diz. “Vivemos com o que a ONU nos dá” acrescenta. Ela espera que os deslocamentos forçados terminem na geração do seus filhos. Ayak está preocupada com o efeito dos conflitos nas vidas de Adoor e Akon
©UNHCR/A.McConnell
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Awan Deng, de 87 anos, posa junto com seu filho Joseph e outros parentes no assentamento Mingkaman. Durante a independência em 2011, ele achou que finalmente algo bom aconteceria. Atualmente ele vive em uma cabana abandonada, e sobreviveu pedindo esmolas depois de fugir de casa. “É somente aqueles que fizeram a guerra e a venceram, que pegaram os despojos dos outros. Aqueles como nós, inocentes, fomos pegos e ficamos apenas com a fome e a morte. Nossas casas foram saqueadas e destruídas” conta. Awan fugiu de casa pela primeira vez quando tinha uns 30 anos
©UNHCR/A.McConnell
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Joseph Majak, de 43 anos, foi fotografado com seus filhos gêmeos de 15 anos, Aluong e Ngoe. Eles fugiram para o assentamento após o início dos combates em dezembro de 2013. “Meus filhos viram o combate, viram pessoas morrer nas ruas”, diz Joseph. “Nos deitamos atrás da parede para nos proteger das balas, e eles disseram: papai você não vai nos deixar, vai?” Esta é a vida deles. Joseph ainda tem medo que seus filhos sejam recrutados para lutar como crianças soldados.
©UNHCR/A.McConnell
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Na foto, Deng Awuol, de 76 anos, e sua esposa Nycot, de 68, posam com sua família em Mingkaman. Deng fugiu da sua casa três vezes. Quando o conflito surgiu em dezembro de 2013, ele escapou rapidamente com a sua família. Deng carregou no colo os seus filhos para conseguir atravessar rios. “Muitas vezes quando fugi eu vi crianças se afogando. Tentei evitar que o mesmo acontecesse com os meus filhos” diz
©UNHCR/A.McConnell
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Deng Awuol aparece junto ao seu neto, em Mingkaman. Ele quer voltar para casa porque acredita que as crises tornam as pessoas muito dependentes. “Não deveria ser assim. Quando não há crise nós não precisamos de ajuda. As crianças sabem que há comida de graça, e eles crescerão sem serem capazes de cuidar deles mesmo, e isso me preocupa” desabafa Deng
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Deng Thon (segundo à esquerda) e sua esposa, posam do lado de fora do abrigo em Mingkaman. Quando foram questionados sobre o que eles precisam para facilitar a vida, o homem, de 57 anos, mencionou: "Boa comida, medicamentos, leite fresco para as crianças e uma boa cadeira para o meu pai". Thon Malual, pai de Deng, tem 84 anos. A maior parte do dia ele permanece sentado em uma cadeira de plástico dura. Infelizmente Deng não tem condições de comprar uma de madeira. “Que homem pode ficar satisfeito senão pode prover pelo menos uma cadeira confortável para seu pai se sentar”?, questiona
©UNHCR/A.McConnell
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Ruben Ajang Deng, de 35 anos, com sua filha, Abul, em Mingkaman. Ele explica como foi o combate que o fez fugir de casa. “Minha filha era nova, mas ela ainda não consegue esquecer o barulho da guerra. Eu também lembro do primeiro ataque que vivi quando criança”. Ruben afirma que eles querem apenas paz e ser uma nação unida
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Na imagem, Majak Akoi, de 75 anos, com sua filha Ayen e sua neta Ajak Chol. Ayen conta que ficaram aterrorizados com a explosão de bombas durante um tiroteio meses atrás. “Minha família me questionou: os homens com armas estão vindo, não estão? Nós temos que fugir de novo, não temos?”, lembra Ayen. “Eu disse para eles que não era nada, mas eles estavam com tanto medo que não conseguiram comer por dois dias”
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Majak Akoi e sua filha de 25 anos, Ayen Majak, sempre são vistos caminhando com a pequena, em Mingkaman. Durante a segunda guerra em Sudão, Ayen e seu irmão passaram dez dias se escondendo na mesma floresta na qual seus pais se refugiaram anos atrás. Quando o conflito começou eles fugiram de novo. “Foi uma surpresa para nós”, explica Majak Akoi. “Ver esses assassinos novamente se somando a outros que já vi em guerras anteriores”, diz Majak. Ele conta que toda vez que dorme ainda sonha com pessoas mortas. O mesmo acontece com Ayen. Ela se preocupa com que sua filha possa ter os mesmos sonhos
©UNHCR/A.McConnell