Um jornal iraniano afirmou neste domingo (14) que o ataque violento ao escritor Salman Rushdie foi uma "trama dos Estados Unidos" para "espalhar a islamofobia no mundo". Rushdie foi esfaqueado enquanto particiapva de um evento no estado de Nova York, na última sexta-feira (12).
O romancista foi condenado à morte em 1989 sob a forma de um decreto religioso (fatwa) pelo então guia supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, após a publicação do livro "Os Versos Satânicos", que o lider considerou uma blasfêmia.
O agressor de Rushdie é Hadi Matar, um libanês-americano de 24 anos. "É possível que um jovem muçulmano, que não era nascido quando Salman Rushdie escreveu seu livro satânico, quisesse vingança", disse o jornal iraniano ultraconservador Javan no domingo.
Mas o veículo evocou a hipótese de uma conspiração planejada pelos americanos: "Outro cenário é que os Estados Unidos provavelmente querem espalhar a islamofobia no mundo".
No sábado, após o ataque, aimprensa conservadora iraniana comemorou o ataque e parabenizou o agressor. O jornal estatal do Irã afirmou que "o pescoço do diabo" foi "atingido por uma faca".
"Parabéns a este homem corajoso, consciente do dever e que atacou o apóstata e depravado Salman Rushdie em Nova York", publicou o jornal Kayhan.
"O ataque (...) mostra a fraqueza dos serviços secretos dos Estados Unidos" e prova que "não é difícil se vingar de criminosos em solo americano", escreveu o jornal.
Falando sobre o que eles consideram "os principais autores" do assassinato do general Qasem Soleimani, chefe da Força Quds iraniana de elite morto em um ataque dos EUA no Iraque em 2020, Kayhan argumentou que "o ex-presidente Donald Trump e o ex-secretário de Estado Mike Pompeo se sentirão mais ameaçados agora."
As autoridades iranianas ainda não reagiram oficialmente contra a tentativa de assassinato de Rushdie, de 75 anos, que está hospitalizado em estado grave.