Um relatório publicado nesta segunda-feira (9) pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) mostra que milhões de jovens em países em desenvolvimento que estão preparados para entrar no mercado de trabalho nas próximas décadas não vão precisar deixar as áreas rurais para escapar da pobreza.
De acordo com o documento, entre 2015 e 2030, a população de jovens entre 15 a 24 anos deve crescer em cerca de 100 milhões de pessoas, passando para 1,3 bilhão. A principal região responsável por esse aumento será a África subsaariana.
Com esse disparo no número de jovens com idade para entrar no mercado de trabalho, muitos países em desenvolvimento não serão capazes de absorver toda essa mão de obra, devido ao inchaço dos setores industriais e de serviços.
Segundo o Estado da Alimentação e Agricultura 2017, a alternativa para esse novo cenário mundial está no crescimento econômico atrelado à produção de alimentos.
Ainda de acordo com o relatório da FAO, entretanto, fazer isso exigirá a superação de uma combinação de baixa produtividade na agricultura de subsistência, alcance limitado para a industrialização em muitos lugares e rápido crescimento populacional e urbanização.
Hábitos alimentares
Nas últimas décadas, a população mundial passou uma diversificação e melhora nos seus hábitos alimentares com o consumo de frutas, vegetais, grãos e frutos do mar.
Mas apesar dessas mudanças, um estudo realizado pelo Painel Global de Agricultura e Sistemas de Alimentação para Nutrição estima que até 2030 cerca de um terço da população mundial será obesa.
De acordo com a FAO, esse número deve subir principalmente em países onde a população tem baixa ou média renda e ocorre por conta do consumo exagerado de bebidas açucaradas e carnes processadas.
No Brasil, cerca de 26% das calorias consumidas veem de alimentos e bebidas que são as principais fontes de açúcar, gordura e sal.
Terras para cultivo
O relatório da FAO ainda analisou o tamanho das áreas de cultivo no mundo. Embora o tamanho das terras tenha caído em 9 dos 22 países de renda média-alta, as tendências mundiais variam bastante.
No México, por exemplo, as áreas reservadas para cultivo passaram de 137 hectares na década de 70 para 20 hectares na década atual, enquanto na Argentina o tamanho passou de 404 para 620 hectares no mesmo período e de 212 para 365 no Uruguai. No Brasil, os números ficaram mais estáveis, aumentando de 60 para 65 hectares.