O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou, neste sábado (15), que vai propor aos Estados Unidos a criação de uma comissão para promover a paz e o respeito entre os países, após vários dias de trocas de farpas diplomáticas.
A declaração foi dada durante ato com militares no oeste de Caracas.
— Vou propor que uma comissão de alto nível seja estabelecida para a paz e o respeito à soberania de nossos povos onde esteja um alto representante do governo dos Estados Unidos, do governo venezuelano e uma alta delegação da Unasul.
Chavistas marcham pelos militares e opositores, contra a repressão
Maduro designou o presidente da Assembleia Nacional e número dois de sua administração, Diosdado Cabello, para que inicie "contatos de alto nível" com Washington.
O herdeiro político do ex-presidente Hugo Chávez, morto de câncer no ano passado, afirmou que o objetivo é sentar "frente a frente" e falar "de igual para igual a respeito da paz" com os Estados Unidos.
Protestos
As tensões entre Caracas e Washington, que retiraram seus respectivos embaixadores em 2010, aumentaram nas últimas semanas, no marco das manifestações que sacodem a Venezuela há mais de um mês.
O saldo dos protestos é até agora de 28 mortos, quase 400 feridos e 41 inquéritos abertos sobre violação de direitos humanos.
A Venezuela vive uma onda de manifestações desde 4 de fevereiro contra a insegurança, a inflação de 56% anual, a escassez de produtos básicos, a repressão dos corpos policiais e a detenção de ativistas.
Todos os dias ocorrem protestos, bloqueios de ruas e confrontos entre forças de ordem e manifestantes radicais.
O governo acusa a oposição de tentar um "golpe de Estado" por meio dos protestos contra a "Revolução Bolivariana", como é chamado o período iniciado após a eleição de Chávez em 1999 devido a refomas sociais exaltadas pelos chavistas.
A Venezuela já foi alvo de três golpes desde 1992, sendo um deles promovido pelo então tenente-coronel Hugo Chávez naquele ano e outro contra o militar depois de ter sido eleito presidente, em 2002.