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'Me respeito demais para viver meus últimos anos em albergues', diz idosa que não saiu da Ucrânia

Ucraniana de 71 anos deixou Donetsk para viver com a neta em Kiev, mas se recusa a cruzar as fronteiras do país e virar refugiada

Internacional|Letícia Sepúlveda, do R7

Nadezhda Kulikova, de 71 anos, se recusa a sair da Ucrânia mesmo com a guerra
Nadezhda Kulikova, de 71 anos, se recusa a sair da Ucrânia mesmo com a guerra Nadezhda Kulikova, de 71 anos, se recusa a sair da Ucrânia mesmo com a guerra

Quando as tropas russas entraram na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, Nadezhda Kulikova, de 71 anos, se preparou para a guerra que havia começado. Natural de Donetsk, ela sobreviveu a um conflito armado por oito anos, desde que as forças separatistas pró-Rússia começaram a reivindicar o território, no leste do país.

Durante esses anos, ela se recusou a deixar a casa em que viveu durante toda a vida devido ao conflito e, após a invasão russa do território ucraniano, só deixou Donetsk na semana passada, depois de mais de 100 dias de combate entre as tropas de Kiev e Moscou.

Nadezhda Kulikova e a neta Mila
Nadezhda Kulikova e a neta Mila Nadezhda Kulikova e a neta Mila

“Foi muito difícil sair da casa em que fui feliz com meu marido, onde meus netos nasceram e foram criados. Tenho memórias associadas a cada canto daquele lugar”, conta Nadezhda.

Por se recusar a deixar o país, ela está morando em Kiev com sua neta Mila, de 34 anos, que insistiu por muito tempo com a avó para que saísse de sua região, onde as ofensivas militares se concentram.

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“Eu me respeito demais para passar meus últimos anos de vida em um albergue”, diz Nadezhda. “Não deixei de acreditar nem por um dia que o Exército ucraniano vai libertar nossa Donetsk.”

Para encontrar a neta em Kiev, a ucraniana percorreu um longo caminho para que não precisasse passar pelas zonas de guerra em seu país. Partindo de Donetsk, ela viajou quatro dias pelo território russo até chegar à fronteira com a Letônia, depois seguiu para a Lituânia e para a Polônia, até chegar a Kiev.

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No sábado (11), Mila reencontrou a avó finalmente. Em 2014, a neta da ucraniana saiu de Donetsk para morar em Kiev com o objetivo de fugir do conflito com os separatistas pró-Rússia. Quando a invasão russa atingiu a cidade, ela passou alguns meses em Lviv, cidade no oeste próxima da fronteira com a Polônia, antes de retornar à região. Aos 34 anos, ela ressalta que já fugiu de duas guerras.

Mila também não quer sair do seu país e preferiu permanecer em meio à guerra em vez de se tornar uma refugiada, condição de mais de 6 milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia desde fevereiro. 

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“Minha avó tinha muito medo de deixar Donetsk porque ocorriam bombardeios todos os dias. Por quase três meses, ela só teve água e eletricidade algumas horas do dia e quase não havia comida e remédios nas lojas.”

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As duas têm uma relação muito próxima. Foi a avó que criou Mila depois que a jovem ficou órfã. A guerra fortaleceu esse laço e a preocupação que uma tem com a outra. Depois de várias tentativas, Nadezhda foi convencida por Mila a buscar um local mais seguro para ficar durante a guerra, mesmo sem cruzar a fronteira do país.

“No dia em que minha avó saiu de Donetsk, um fragmento de bomba caiu no ponto em que ela costuma pegar ônibus todos os dias. Nossa cidade é bombardeada constantemente. À noite eu sei que ela chora quando vou me deitar.”

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