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Morte de Chávez deixa vazio na esquerda da América Latina

Internacional|

Por Jeff Franks

HAVANA, 6 Mar (Reuters) - A morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na terça-feira, deixou um grande vazio na liderança de esquerda da América Latina e levantou dúvidas sobre se a generosidade do petróleo que ele espalhou pela região vai continuar.

Aliados como o presidente boliviano, Evo Morales, prometeram continuar o sonho de Chávez de unidade "bolivariana" do hemisfério, mas em Cuba, muito dependente da ajuda venezuelana e de seu petróleo, as pessoas foram às lágrimas quando souberam que Chávez tinha perdido a batalha contra o câncer.

Sua influência foi sentida em toda a região, das pequenas ilhas do Caribe à empobrecida Nicarágua na América Central, passando por economias emergentes como Equador e Bolívia e os pesos pesados da América do Sul, Brasil e Argentina, onde ele encontrou o apoio de governos próximos.

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Sem a sua presença ideológica, a influência da Venezuela deve diminuir e o peso da economia brasileira poderia preencher a lacuna no realinhamento diplomático da região.

Chávez, de 58 anos, deixa um legado misto de problemas econômicos e a polarização política venezuelana, mas para muitos latino-americanos e caribenhos ele ofereceu ajuda financeira e deu voz às aspirações regionais de superar mais de um século de influência dos EUA.

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"Ele usou seu dinheiro do petróleo para construir boas relações com todos", disse Javier Corrales, cientista político dos EUA e especialista em Venezuela, da Amherst College.

A riqueza de petróleo também transformou a Venezuela em um grande importador de bens da região. "Sua conta de importação era tão grande que ele se tornou um grande parceiro comercial. É por isso que suas relações eram tão boas", disse Corrales.

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Entre 2008 e o primeiro trimestre de 2012, a Venezuela forneceu 2,4 bilhões de dólares em ajuda financeira à Nicarágua, de acordo com o banco central da Nicarágua - uma quantia enorme para uma economia no valor de apenas 7,3 bilhões de dólares em 2011.

A Venezuela fornece petróleo em condições muito preferenciais para 17 países sob sua iniciativa Petrocaribe, e se juntou a projetos para produzir e refinar petróleo em países como Equador e Bolívia.

Chávez também ajudou a Argentina a sair da crise econômica, comprando bilhões de dólares em títulos enquanto o país lutava para se recuperar de um enorme calote da dívida.

"Quando a crise de 2001 colocou em risco 150 anos de construção política, ele foi um dos poucos que nos deu uma mão", afirmou o ex-chefe de gabinete do governo da Argentina, Aníbal Fernández, no Twitter.

CRIADOR DE BLOCOS

Em Cuba, dois terços do petróleo vem da Venezuela em troca dos serviços de 44.000 profissionais cubanos, a maioria da área médica.

Combinando com investimentos generosos da Venezuela, isso ajudou Cuba a sair dos dias negros do "Período Especial" que se seguiram ao colapso em 1991 da União Soviética.

Chávez era pessoalmente e politicamente próximo ao ex-líder cubano Fidel Castro, com quem planejou a promoção de governos de esquerda e a solidariedade latino-americana contra o inimigo ideológico Estados Unidos.

Junto com a Petrocaribe, Chávez incentivou a criação do bloco de esquerda Alba, a Aliança Bolivariana para os Povos da nossa América, e da Celac, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, ambas voltados para a integração regional e a redução da influência dos EUA no hemisfério.

"Chávez era um líder regional com a Alba e a Celac, mas a Alba está em um processo de deterioração gradual. Em parte como a saúde de Chávez se deteriorou, assim está a Alba", disse Frank Mora, ex-subsecretário adjunto de Defesa para Assuntos do Hemisfério Ocidental no primeiro governo do presidente dos EUA, Barack Obama.

"Para mim, é difícil acreditar que alguém como Rafael Correa (presidente equatoriano) ou Raúl Castro (líder cubano) possa pegar o manto que está sendo deixado pela ausência de Chávez e manter o mesmo nível de apoio e vibração que estes relacionamentos e organizações antiamericanas e bolivarianas tinham."

(Reportagem adicional de Nelson Acosta e Marc Frank, em Havana; Hilary Burke e Alejandro Lifschitz, em Buenos Aires; David Adams, em Miami; Ivan Castro, em Manágua; Jack Kimball, em Bogotal; e Eduardo Gil Garcia, em Quito)

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