Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Atenas na noite deste domingo (5) para comemorar a vitória do "não" no plebiscito sobre a aceitação das medidas de austeridade fiscal exigidas pelos credores internacionais da Grécia.
A praça Syntagma, diante do Parlamento, foi se enchendo à medida que saíam os resultados parciais da votação. Segundo os resultados oficiais, após a apuração de 95% dos votos, o "não" vencia com 61,3% do total, enquanto o "sim" obtinha 38,7%, com uma participação popular de 62,5% em uma jornada que transcorreu sem incidentes de grandes proporções.
Eleitores comuns, tanto jovens como idosos, líderes sindicais, parlamentares que apoiam o governo e até ministros se reuniram na praça para comemorar. "Não, não, não", gritavam os manifestantes, portando bandeiras da Grécia e faixas com dizeres como "vote 'não' por um país livre".
Varvaram Papadimitriou, 46, mãe de cinco filhos, disse não ter medo do que virá a seguir. "Não pode ficar pior do que já está agora. Independentemente do que acontecer, sinto orgulho e dignidade. Tsipras é o melhor", acrescentou, referindo-se ao primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza, que convocou o plebiscito e fez campanha pelo "não".
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A reunião na praça logo virou uma festa, com as pessoas bebendo cerveja e dançando em círculos. Por volta da meia-noite, as pessoas dançavam ao som da música-tema do filme Zorba, O Grego.
Apesar de terem sido obrigadas a fazer filas diante de caixas automáticos ao longo de toda a semana para poder sacar dinheiro e apesar de todas as advertências de dirigentes europeus, de que o "não" poderá levar a Grécia a sair da zona do euro, nas ruas de Atenas as pessoas disseram que a Grécia venceu o jogo, porque "não piscou primeiro" diante dos credores.
"Nosso lugar na zona do euro nunca esteve e nunca estará em risco", disse Giorgios Dermitzakis, de 53 anos. "Ninguém pode voltar as costas a uma nação. Um acordo melhor é necessário e os outros povos europeus vão exigir isso", afirmou a professora Maria Athanasaki, 34.
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A notícia de que o ex-primeiro-ministro e líder da oposição conservadora Antonis Samaras havia renunciado à presidência do partido Nova Democracia foi saudada.
Com gritos pela multidão. "Queremos outro plebiscito, para botar na cadeia todos os políticos gregos que nos colocaram nessa situação", disse o músico Zoe Vergaki, 31.
Muitos manifestantes gritaram slogans contra a imprensa, que na última semana havia assumido uma posição clara pelo "sim". "Chegamos ao plebiscito com todos os jornais e emissoras de televisão contra nós, e com os bancos fechados", disse o funcionário público Dimitris Antoniades, 50, com uma bandeira grega nas mãos.
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