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Noruega apreende navio do Greenpeace em protesto no Ártico

Ativista brasileira é uma das 35 pessoas do navio rebocado após ação

Internacional|Do R7

Apreensão foi feita após ação a poucos metros de plataforma de exploração de petróleo. Entidade defende direito a processo pacífico
Apreensão foi feita após ação a poucos metros de plataforma de exploração de petróleo. Entidade defende direito a processo pacífico Apreensão foi feita após ação a poucos metros de plataforma de exploração de petróleo. Entidade defende direito a processo pacífico

O navio do Greenpeace Arctic Sunrise foi apreendido, junto com 35 pessoas a bordo, nesta quinta-feira (17) pelas autoridades norueguesas durante um protesto no Mar de Barents, no extremo norte do planeta, contra a exploração de petróleo no Ártico. O navio agora é rebocado para o continente, e longe do campo de exploração de Korpfjell, onde era realizada a ação.

Entre a tripulação, estavam a jornalista brasileira Thaís Herrero e a ativista filipina Joana Sustento, sobrevivente do maior ciclone da história, cuja passagem matou quase toda sua família. Joana desembarcou na cidade de Tromsø no começo de agosto e não participou da última ação da equipe do Arctic Sunrise. Já Thais continua a bordo do navio apreendido, que está sendo içado pela Guarda Costeira do país à mesma cidade, localizada a cerca de 2.200 km do Polo Norte (aproximadamente a distância entre São Paulo e João Pessoa).

A equipe foi apreendida após uma ação dentro do raio de 500 metros de exclusão estabelecida ao redor da plataforma Songa Enabler, da estatal norueguesa Statoil. Os ativistas em barcos infláveis e caiaques entraram na zona de exclusão localizada no campo de petróleo de Korpfjell, a concessão mais ao norte dada pelo governo norueguês, aberta recentemente e também a mais criticada pela ONG.

Lá, os ativistas amarraram um globo terrestre a um equipamento de perfuração. O globo continha declarações escritas de pessoas de todo o mundo, com mensagens ao governo norueguês contra a perfuração de petróleo no Ártico.

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Com a ação, os ativistas interromperam o funcionamento da plataforma por horas até a chegada da Guarda Costeira norueguesa, que apreendeu o navio Arctic Sunrise, os ativistas e os membros da equipe.

Através de nota oficial, Truls Gulowsen, chefe do Greenpeace na Noruega afirma que "a Guarda Costeira norueguesa não tem o direito de embarcar ou remover nosso navio. O protesto no mar é um uso legal reconhecido internacionalmente, relacionado à liberdade de navegação”.

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— O governo norueguês parece mais interessado em proteger a imprudente operação de perfuração de petróleo do Ártico realizada pelo estatal Statoil, do que ouvir as preocupações expressas por pessoas de todo o mundo".

A entidade defende que o protesto no mar é um uso legal reconhecido internacionalmente e relacionado à liberdade de navegação. Esta liberdade existe dentro da Plataforma Continental Estendida, de acordo com o artigo 87 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos). Eles entendem que a Noruega tem o direito de estabelecer uma zona de segurança em torno de uma instalação fixa em alto-mar, que também deve haver espaço para exercer o direito de protestar de forma segura e pacífica.

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Em declaração à revista Maritime Executive, a Statoil disse que as ações eram "ilegais e irresponsáveis", e chamaram as autoridades. A revista afirma que os manifestantes recusaram-se a deixar a área, e seu navio Arctic Sunrise foi retirado do local pela Guarda Costeira. Korpfjell é o quarto campo explorado pela Statoil em 2017 no Mar de Barents. Ainda segundo a revista, a estatal fez outras três descobertas apenas no mês de julho.

Ação contra o Estado

No último mês, o Greenpeace monitorou as operações de perfuração da Statoil no Mar de Barents como parte da campanha global para proteger o clima e o Ártico.

Junto com a ONG norueguesa Nature and Youth, o Greenpeace move uma ação contra o governo norueguês, acusando-o de não respeitar sua constituição. Na ação, os órgãos criticam atitudes tidas como contraditórias do governo norueguês. Dez dias após ratificar o Acordo de Paris, em junho de 2016, o governo norueguês concedeu novas licenças para a exploração de petróleo no Ártico, incluindo o campo de Korpfjell, o mais ao norte jamais aberto pela Noruega, e perfurado recentemente.

A Constituição norueguesa compromete políticos, empresas e cidadãos a "proteger o direito das pessoas a um ambiente limpo e saudável para as gerações futuras". Greenpeace e Nature and Youth (Natureza e Juventude, em inglês) compreendem que a permissão para a abertura de 15 novas perfurações — um número recorde — concedida pelo governo norueguês fere este princípio.

Localizado a mais de 400 km de terra, e próximo da calota permanente de gelo do Ártico, a região onde está localizado o campo de Korpfjell é um importante local de alimentação para aves marinhas e animais selvagens. A ONG afirma também que o governo norueguês ignorou todos os avisos de agências e organizações ambientais para seu licenciamento.

“O Ártico é uma área globalmente significativa em termos de biodiversidade e lar de uma vida selvagem rica, porém vulnerável. Impedir que a indústria do petróleo entre nessas águas, que de certo modo são uma das últimas áreas a salvo da ação humana, é a única maneira de evitar um derrame de petróleo que teria consequências catastróficas para a vida selvagem aqui”, comentou em julho o ativista Halvard Raavand, diretor de campanha do Greenpeace na Noruega. Na última conversa com o R7, Thais Herrero também comentou que o isolamento do local torna mais difícil o trabalho de contenção de um eventual derrame, aumentando a gravidade do problema.

O julgamento do processo contra o governo norueguês será realizado em novembro deste ano. Até lá, a ONG planeja ações semelhantes à deste verão (no hemisfério norte) para chamar atenção do público na Noruega e ao redor do mundo para a causa. “Estávamos longe das plataformas de petróleo, ou seja, eles mesmos não podiam ler o que estavam nas faixas. Mas sabiam que estavam ali. E o Greenpeace sempre leva uma equipe de jornalistas, da qual eu faço parte, para tornar visível para o resto do mundo as questões combatidas”, explica a jornalista Thaís Herrero.

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