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Ondas de calor extremo se tornam mais recorrentes e intensas: "Ninguém está isento do aquecimento global"

Especialista alerta que consequências das mudanças climáticas podem ser muito severas

Internacional|Marta Santos, do R7

Onda de calor atinge diversos países do hemisfério norte e capitais europeias registram cerca de 35°C
Onda de calor atinge diversos países do hemisfério norte e capitais europeias registram cerca de 35°C Onda de calor atinge diversos países do hemisfério norte e capitais europeias registram cerca de 35°C

A onda de calor que atingiu o hemisfério norte nos últimos dias é um fenômeno que deve ser multiplicar nos próximos anos e trazer consequências graves, segundo uma pesquisa da revista Nature Climate Change. Apesar de serem consideradas fenômenos naturais, as ondas de calor e suas consequências têm se tornado mais recorrentes e intensas por causa do aquecimento global.

O aquecimento do planeta é medido comparando as temperaturas médias atuais em relação à era pré-industrial (1850-1900), explica Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. Hoje, o mundo está 1°C mais quente e os impactos já são sentidos em muitos países. Nos últimos anos, ondas de calor deixaram milhares de mortos na Europa: em 2003, por exemplo, 70 mil pessoas morreram no continente; já em 2010, 10 mil pessoas morreram apenas na Rússia.

— Esse aquecimento de cerca de 1°C pode parecer pouco mas não é. Se aumenta 1°C na temperatura do corpo humano, ele fica com febre. Com o mundo é a mesma coisa, a temperatura média global gira em torno de 14°C a 15°C. Com o aquecimento de apenas 1°C, nós já temos um impacto muito grande no meio ambiente, impactos econômicos e de perdas de vidas. Hoje, há estudos que apontam que a Terra caminha para um aquecimento de 3°C. Não existe nenhum pedaço do planeta, ninguém que esteja isento dos efeitos do aquecimento global. E as consequências podem ser muito severas.

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Os seres humanos podem morrer de calor porque os mecanismos de termorregulação de corpo, que ajustam automaticamente a temperatura corporal, por exemplo, ficam comprometidos a partir dos 37°C. Além disso, a umidade do ar também tem um papel decisivo na regulagem da temperatura corporal, já que influencia diretamente na transpiração.

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— Hoje, estima-se que cerca de 30% da população mundial já é exposta a essas temperaturas em, pelo menos 20 dias por ano. Esse número pode chegar a 48% em 2100, ainda que o aquecimento global se limite a 2°C, um nível considerado relativamente seguro por cientistas. Se essa meta não for alcançada, até 74% da população mundial poderá ser afetada pelas altas temperaturas.

Uma análise feita pelo Observatório do Clima sobre a pesquisa da Nature Climate Change apontou que, “até 2100, Nova York deverá ter cerca de 50 dias por ano com temperaturas e umidades superiores ao limiar em que as pessoas morreram anteriormente. O número de dias mortíferos para Sidney será de 20; e, para Los Angeles, de 30. Todo o verão de Orlando e Houston terão potencial de matar por calor. Em 2050, num cenário moderado de redução de emissões, São Paulo poderá ter cinco dias letais por ano. Em Cuiabá seriam 116”.

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Acordo de Paris

Em 2015, líderes mundiais assinaram o Acordo de Paris para combater a mudança climática. Cada país apresentou uma meta de redução de emissões de gases do efeito estufa, com o objetivo era limitar o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século e exigir que países ricos financiem economias em desenvolvimento, incentivando o uso de energia renovável — e não de combustíveis fósseis.

Todas as metas apresentadas são voluntárias, nenhum país é obrigado por um órgão ou entidade mundial a reduzir suas emissões e também não há uma porcentagem mínima para isso. Essa liberdade na elaboração das propostas faz com que aumente a crença de que todos irão concretizá-las. No entanto, essa também é uma brecha para que cada país apresente uma meta menor do que o esperado, explica Rittl.

— Nenhum país colocou na mesa o que poderíamos chamar de “fatia adequada da conta do clima”, ou seja, o suficiente para pagar a sua parcela de responsabilidade pelo clima do planeta. Brasil, União Europeia e alguns outros países deram um passo maior do que muitos outros, mas as metas, até agora, são bem inferiores ao que é necessário para conter o aquecimento global.

O acordo climático definido em Paris passará a valer a partir de 1° de janeiro de 2021.

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