ONG teria pago 600 euros por vídeo de Strache
Leonhard Foeger/Reuters - 18.5.2019O Centro para a Beleza Política, um grupo alemão de artistas e ativistas políticos, teria pago 600 mil euros pela divulgação do vídeo que causou a renúncia do ex-vice-chanceler da Áustria, Heinz Christian Strache, o rompimento da coalizão com os conservadores e a convocação de novas eleições, informou o jornal Kronen Zeitung, nesta segunda-feira (27).
O jornal mais lido da Áustria informou que o vídeo em questão foi produzido por um advogado austríaco junto com outras três pessoas para mostrar rejeição às políticas do partido de Strache, o ultradireitista FPÖ. Os 600 mil euros teriam sido pagos em moedas de ouro sul-africanas Krügerrand.
As informações do jornal não foram confirmadas e um advogado do suspeito de ter produzido o vídeo não quis comentar essa versão, informou a agência de notícias APA.
A imprensa alemã especulava há dias que o Centro para a Beleza Política poderia estar envolvido no escândalo. No entanto, o grupo negou hoje as informações publicadas pelo Kronen Zeitung e afirmou no Twitter que "não houve pagamentos" para a divulgação do vídeo.
"Ao invés de rumores sobre a origem do vídeo, as investigações deveriam se ocupar com as fontes de financiamento do FPÖ", afirmou a o grupo.
Enquanto isso, o Ministério Público de Viena anunciou hoje que está investigando as circunstâncias sobre o polêmico vídeo, embora não tenha dado mais detalhes a respeito.
Nas imagens, o então vice-chanceler e ex-chefe do FPÖ, Heinz Christian Strache, prometia favores políticos e contratos públicos a uma suposta herdeira milionária russa em troca de doações ilegais para o partido.
O chamado "Ibizagate" provocou a renúncia de Strache, a saída de todos os ministros do FPÖ do Governo, a convocação de novas eleições e uma moção de censura que resultou na queda do governo do chanceler Sebastián Kurz, chefe do ÖVP.
O ÖVP ganhou ontem as eleições europeias com 35,4% dos votos, 12 pontos a mais que o SPÖ. O FPÖ obteve 17,2%, nove pontos a menos que nas eleições gerais de outubro de 2017, o que fez o partido perder um dos quatro deputados que tinha no Parlamento Europeu.