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Oportunidades e barreiras marcam normalização entre EUA e Cuba

Internacional|

Alfonso Fernández. Washington, 1 jul (EFE).- Por trás da histórica normalização das relações entre Estados Unidos e Cuba está uma suculenta oportunidade econômica para os dois lados em setores como o turismo, embora ainda persistam grandes obstáculos, como o embargo comercial e as reivindicações de propriedades confiscadas durante a revolução. Com apenas 140 quilômetros de distância entre a ilha e o litoral da Flórida, para Cuba essa mudança representa o acesso ao mercado da primeira economia global, e para as empresas americanas 11 milhões de consumidores potenciais com enorme apetite por seus produtos. A diferença econômica entre os antes inimigos é esmagadora: o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos EUA foi de US$ 53 mil ao ano, e o dos cubanos pouco mais de US$ 6.800, de acordo com os dados do Banco Mundial (BM) de 2013. É preciso lembrar, no entanto, que as comparações são complicadas, já que Cuba conta com um duplo sistema cambial que embaralha os indicadores econômicos da ilha. Os Estados Unidos são o quarto exportador de Cuba, atrás de China, Espanha e Brasil, com somas de US$ 450 milhões em 2012, mas a grande maioria é produtos agrícolas como soja e milho, e de frango. No entanto, estes intercâmbios são fortemente regulados e contém notáveis restrições financeiras pelo lado americano, o que dificulta as vendas. Nos últimos meses, o Tesouro dos EUA anunciou medidas de flexibilização econômica com Cuba, como o relaxamento das restrições de viagens de americanos à Cuba e a ampliação do limite máximo de US$ 500 para US$ 2 mil por trimestre para o envio de remessas. Em 2013, as remessas dos EUA para Cuba alcançaram os US$ 3,5 bilhões e, segundo dados oficiais, calcula-se que cerca de 60% das famílias de Cuba tenham recebido essas remessas. Além disso, os Estados Unidos permitiram a exportação de materiais de construção, ferramentas e equipamentos para a atividade agrícola privada, e deram sinal verde às primeiras empresas de ferry para iniciar o serviço de passageiros entre Flórida e Cuba. O turismo é um aspecto fundamental das relações bilaterais, por constituir um dos principais alicerces da economia cubana e geradora de divisas. Até agora, os americanos não podiam viajar para Cuba se não se encaixassem dentro de uma série de categorias específicas ligadas a educação e a troca cultural, entre outras. Mas a iminência da mudança ficou patente com o anúncio da companhia de cartões de crédito MasterCard de suspender a partir de março o bloqueio das transações em Cuba com cartões emitidos por bancos americanos, e o da American Express, de que planeja operar no país assim que forem suspensas algumas das restrições econômicas. Outra grande área de oportunidade, dados os enormes desafios em infraestrutura da ilha caribenha, é o investimento. Segundo relatório de Barbara Kotschwar e Gary Hufbauer, pesquisadores do centro de estudos Peterson Institute, os fluxos de investimento direto estrangeiro em Cuba, resultado do processo de normalização comercial e econômica passariam dos atuais US$ 1 bilhão ao ano para US$ 17 bilhões. Por sua vez, o excelente sistema saúde cubano pode fazer da ilha um atraente destino de aposentadoria para os americanos na terceira idade. Apesar dos indubitáveis efeitos positivos da aproximação bilateral, o certo é que permanecem obstáculos importantes que podem desacelerar o ritmo da retomada de relações. Em primeiro lugar, a questão do levantamento do embargo comercial, o que só poder ser feito pelo congresso americano, e que significaria a definitiva abertura comercial. Também é um impeditivo o espinhoso caso das reivindicações de americanos sobre propriedades confiscadas pelo governo revolucionário de Fidel Castro. "O grande próximo passo nas conversas é o das reivindicações de propriedades. Mas ainda não vimos detalhes", reconheceu à Agência Efe Ted Piccone, pesquisador sobre a América Latina do centro de estudos Brookings de Washington. De acordo com Piccone, quase seis mil americanos já apresentaram reivindicações oficiais, que alcançam a significativa soma entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões. "Os cubanos não vão devolver as propriedades, haverá alguma compensação financeira, talvez apoio preferencial de investimentos, mas não muito além disso", prevê o analista. EFE afs/cd

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