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Putin desafia Ocidente na Ucrânia, quem pisca primeiro?

Internacional|

Por Elizabeth Piper

MOSCOU, 2 Mar (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, está se arriscando na Ucrânia e apostando que o seu colega norte-americano, Barack Obama, vai piscar primeiro.

Prejudicado por uma derrota pessoal política na batalha pela influência sobre a Ucrânia, Putin está contra-atacando e apresentando a crise como uma questão de simetria.

Em sua visão, o Ocidente permitiu que homens armados comandassem eventos na capital ucraniana de Kiev, agora ele está "permitindo" que homens armados ampliem controle sobre a região da Crimeia.

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O ex-espião da KGB culpa o Ocidente pelo acirramento das tensões em Kiev, encorajando a oposição a quebrar acordos para restaurar a paz e permitindo que "extremistas" e "fascistas" ditem os desdobramentos políticos na Ucrânia.

Agora autorizado pelo Parlamento russo a empregar força militar na Ucrânia para proteger interesses nacionais e cidadãos russos, Putin está agindo sobre um Ocidente a que ele considera como tendo cortado Moscou de discussões sobre o futuro dos irmãos dos cristãos ortodoxos da Rússia.

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Até onde Putin pode ir, porém, é uma grande dúvida.

Enquanto Moscou colocou 150 mil soldados em alerta elevado próximo da fronteira com a Ucrânica, ele ainda não mostrou sinais de despachar as tropas e nega acusações ucranianas de que mandou manifestantes hastearem bandeiras russas em algumas cidades do leste do país.

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Putin não tem dito nada em público sobre a Ucrânia e não fez isso desde que o presidente Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou, foi deposto do poder na Ucrânia mais de uma semana atrás.

No centro das atenções está a aposta de Putin de que a resposta do Ocidente será fraca. Ele calcula que Obama tem poucas opções à disposição e nenhum apetite para uma guerra por uma remota península no Mar Negro que tem valor simbólico e estratégico para a Rússia. A Crimeia abriga uma base naval russa, mas tem pouca importância econômica.

Os dois presidentes conversaram por uma hora e meia no sábado, mas a chamada telefônica parece ter terminado em um impasse.

Putin está tentando recuperar alguma coisa de uma batalha sobre a Ucrânia que parecia ter ganho quando Yanukovich desistiu de acordos comerciais e políticos com a União Europeia em novembro em favor da Rússia, mas que perdeu quando o presidente ucraniano foi derrubado após três meses de protestos.

"O Ocidente disse para Putin sair da Ucrânia", disse Sergei Markov, um analista político favorável ao presidente russo e diretor do Instituto de Estudos Políticos em Moscou, sinalizando o tamanho da ferida aberta sentida por Putin sobre a Ucrânia.

Acusando as potências ocidentais e organizações internacionais de tentar ignorar Moscou em discussões sobre assistência financeira para Kiev, Markov afirmou: "O que temos dito é que se há uma ONU, FMI, acordos do G8 sem nos consultar, então consideraremos isso como ilegítimo."

Reclamar a Crimeia, um ex-território russo entregue à Ucrânia pelo líder soviético Nikita Krushchev em 1954, daria a vitória a Putin entre importantes eleitores e especialmente entre nacionalistas.

Se o status quo estabelecido nos últimos dias se mantiver, com forças russas já no comando da Crimeia, Putin poderá dizer que reconquistou a região sem precisar dar um único tiro.

Mesmo se ele for forçado a se retirar, Putin vai se pintar como um defensor dos interesses nacionais e dos russos que vivem no exterior. Aos olhos de muitos eleitores, ele não desistiu da Ucrânia sem lutar.

Neste mês, a popularidade de Putin voltou a ficar perto de 70 por cento, segundo uma pesquisa de opinião organizada pela empresa independente Levada.

Se as potênciais ocidentais decidirem tentar punir a Rússia com sanções, Putin poderá, de novo, buscar uma política "simétrica" e promover medidas semelhantes. Porém, isso poderia incomodar empresários abastados cujo apoio ajuda a cimentar o poder do presidente russo.

Enquanto isso, perto da Praça Vermelha e do Ministério da Defesa, em Moscou, algumas centenas de manifestantes agitaram cartazes com dizeres "Não à guerra." Dezenas foram presos. Mas os seus números não podem se comparar aos milhares que foram às ruas da capital russa em uma manifestação para a "defesa do povo ucraniano.

"O fascismo não vai vencer", gritavam os manifestantes. "A Crimeia é Rússia. Apoiamos a unidade russa."

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