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Quebrar barreiras trabalhistas para as mulheres: o grande desafio de Abe

Internacional|

Antonio Hermosín. Tóquio, 12 dez (EFE).- A série de obstáculos trabalhistas e sociais enfrentados pelas mulheres do Japão constitui um dos grandes desafios pendentes para o primeiro-ministro Shinzo Abe em um possível segundo mandato. O Japão é um dos países desenvolvidos com menor índice de emprego feminino (62,5% em 2013) e que pior pontua nos índices de igualdade. Além disso, tem baixa taxa de natalidade - atualmente de 1,4% - e uma das populações mais envelhecidas do mundo. Nesse contexto, Abe colocou a participação trabalhista das mulheres como prioridade política dentro do plano conhecido como "Womenomics". No entanto, após dois anos no poder e concorrendo em uma disputa eleitoral antecipada em que é claro favorito, o primeiro-ministro japonês não conseguiu cumprir as expectativas. "Não sinto que a situação das mulheres tenha realmente melhorado", destacou à Agência Efe Yuri Ichikawa, diretora de marketing de uma companhia de telecomunicações e mãe de uma menina de um ano. Miwa Okubo e Hiroko Kuramochi, também empregadas e com filhos, concordam que continua sendo "difícil ou muito difícil" conciliar as duas atividades, mas reconhecem que houve melhorias recentes, como o aumento das vagas em creches. As três pertencem a um minoritário grupo de mães japonesas que trabalham em um país onde seis em cada dez mulheres abandonam o emprego após dar à luz. Os motivos variam. Entre eles as longas jornadas de trabalho e regras fiscais que desestimulam que elas trabalhem "full-time". Para conciliar a vida nos escritórios e com a família, muitas delas optam por uma redução do tempo trabalhista. Mas isso limita as opções profissionais ou acaba as expondo à discriminação dos superiores, caso de Hiroko, mãe de dois filhos, de três e seis anos, atualmente secretária de uma empresa de alimentação. "Me atribuíram tarefas que estavam abaixo das minhas qualificações. Cheguei a me sentir inferior a meus companheiros. Minha carreira estagnou devido a uma avaliação injusta de meu antigo chefe", comentou. Contudo, ela e Yuri consideram que a cultura trabalhista começa a mudar no Japão graças às novas leis e incentivos, que refletem em uma maior flexibilidade das empresas. "Espero que isso não seja apenas uma 'febre passageira' do 'Abenomics' (plano de crescimento econômico de Abe) e que continue melhorando nos próximos anos", afirmou Yuri. À margem de mais medidas de apoio por parte do governo e das empresas, as consultadas estão de acordo que é necessário acabar com o preconceito e o conservadorismo arraigado na sociedade japonesa. "Ainda há muitos maridos que pensam que cuidar das crianças é uma obrigação só das mulheres", destacou Yuri. "Se não mudarmos a mentalidade, mesmo que milhares de creches sejam construídas, não melhorará a situação para as mães trabalhadoras", acrescentou Hiroko, que atua como auxiliar administrativa em uma instituição cultural. Muitas jovens japonesas têm preferido serem donas de casa porque não encontram empregos satisfatórios ou não querem trabalhar em jornadas "maratonistas". Outras dizem que não têm "modelos de mulheres com sucesso profissional" nos quais se inspirarem, segundo Hiroko. A falta de referência é produto das persistentes diferenças salariais por gênero e da pouca presença feminina em cargos de responsabilidade, abaixo de 12%. Abe prometeu elevar esse índice para 30% em 2020. Em novembro do ano passado, aumentou para cinco o número de ministras em seu governo - de um total 18 de cargos. No entanto, o gesto simbólico ficou manchado pelas suspeitas de corrupção sobre duas das novas representantes do governo, que acabaram renunciando ao posto. "O número de políticas tem que aumentar, não basta as que foram propostas por Abe para nossas vozes serem ouvidas", disse Hiroko, que lamenta que a situação das mulheres no país quase não tenha sido tratada durante a campanha eleitoral. EFE ahg/lvl/rsd

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