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Reunião de chanceleres de Bogotá e Caracas termina sem acordo

Venezuela fechou fronteira com a Colômbia no dia 20 de agosto

Internacional|Ansa

A reunião entre as ministras de Relações Exteriores da Colômbia e da Venezuela, María Angela Holguín e Delcy Rodríguez, respectivamente, terminou nesta quarta-feira (26) sem nenhuma decisão concreta sobre o fechamento da fronteira.

Após o encontro, as chanceleres afirmaram que se tratou de um debate "franco e aberto" entre "dois países irmãos", em que ambos diagnosticaram o que ocorre na região limítrofe e falaram de possíveis soluções, mas em um plano abstrato e sem compromissos pontuais.

"Tivemos uma conversa franca como falam os irmãos. Em um diálogo muito produtivo, nós demos um primeiro passo para que haja uma busca para construir uma nova fronteira", disse Rodríguez.

Já sua homóloga colombiana declarou que essa foi uma "das conversas mais francas e realistas que temos em muito tempo" Holguín destacou que ficou encarregada de fazer uma lista dos temas abordados na discussão, que durou algumas horas na tarde de ontem, como a violência na fronteira, os personagens armados ilegais, o contrabando e os problemas causados pela disparidade cambial entre as duas nações.

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Porém, em nenhum momento após o encontro, a representante colombiana falou sobre a exigência que ela e o presidente, Juan Manuel Santos, iriam fazer à Venezuela: de respeitar os cidadãos que estão sendo expulsos do país vizinho.

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A saída de 1.097 colombianos, sendo a maioria mulheres e crianças, está sendo feita de maneira autoritária onde os deportados não podem levar nenhum pertence que tenham na nação vizinha. De acordo com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, essa medida serve para frear a violência e conter a atuação do narcotráfico na região de Táchira.

A ministra Rodríguez justificou a decisão de Maduro, de fechar a fronteira e declarar um "estado de exceção" em cinco municípios fronteiriços, em "razão do estouro internacional, produto dos delitos violentos". Sobre as centenas de deportados, a ministra não quis falar aprofundadamente e disse que a mídia colombiana está "manipulando informações".

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"Ante a falácia midiática que se impõe sobre a realidade, a Venezuela sempre foi um espaço e uma pátria que recebeu milhões de cidadãos colombianos que veem nosso país como um espaço para conviver familiarmente", destacou.

De acordo com Rodríguez, um dos poucos acordos alcançados durante a reunião foi a criação de "mecanismos de comunicação diretos" sobre o que está acontecendo na área de fronteira. 

Visita de Santos a Cúcuta 

O encontro das chanceleres ocorreu no mesmo dia da visita de Juan Manuel Santos à cidade de Cúcuta, que recebeu o maior número de expulsos da Venezuela e que criou abrigos improvisados para receber os refugiados. Após conversar com alguns ministros sobre a situação dos expulsos e sobre possíveis soluções para o conflito, o mandatário fez um balanço sobre o tema.

"Eles não são paramilitares. São famílias pobres e humildes que querem apenas que os deixem viver e trabalhar. A esses deportados e todos que regressaram, vocês estão em casa na Colômbia. Não voltaram como estrangeiros ou forasteiros. Aqui os recebemos de corações e braços abertos", discursou Santos.

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O líder colombiano ainda se comprometeu a solucionar problemas como o estudo das crianças e adolescentes, emprego para os adultos e ofereceu cursos de capacitação gratuita em laboratórios técnicos.

Brasil não vai intermediar situação 

O governo brasileiro não vai intermediar as negociações entre Colômbia e Venezuela. De acordo com fontes ouvidas, o Palácio do Planalto avalia que há "boa vontade" de ambos os lados para solucionar o problema.

Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intermediou as negociações entre os líderes Álvaro Uribe e Hugo Chávez.

Diferentemente desta vez, ambos os mandatários eram "adversários" nas visões ideológicas e causaram uma crise mais grave — chegando a "congelar" as relações diplomáticas em julho de 2010.

Durante os anos de 2002 e 2010, o clima foi de constante tensão entre as nações vizinhas.

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Com a posse de Santos, um mês depois, a diplomacia foi retomada.

O próprio Maduro acusa Uribe de ser o líder do "paramilitarismo de direita" que atua na fronteira e "prejudica" a Venezuela.

Entenda o caso

Colômbia e Venezuela dividem 2.219 km de fronteira, considerada uma das mais ativas da América Latina. Desde suas independências, as duas nações alternam momentos de conflito e de cooperação bilateral e, a partir da década de 1980, os problemas voltaram a ser mais frequentes.

A atual crise culminou com o fechamento da fronteira entre os dois países no dia 20 de agosto — que, inicialmente, deveria permanecer nessa situação por apenas 72 horas. Porém, o chefe de Estado venezuelano mudou de ideia no dia seguinte e determinou que o acesso terrestre ficasse fechado por tempo indeterminado.

A medida foi tomada porque três soldados da Venezuela ficaram gravemente feridos enquanto participavam de uma ação para combater o tráfico de drogas em San Antonio del Táchira. De acordo com o governo, eles foram vítimas de uma "emboscada" de venezuelanos e colombianos envolvidos com o narcotráfico.

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