O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serghiei Lavrov, anunciou nesta segunda-feira (25), a intenção de mandar, nos próximos dias, um segundo comboio de ajuda humanitária a Ucrânia.
A decisão pode aumentar a tensão entre os dois países.
Na última semana, Kiev acusou a Rússia de invasão direta ao país, após a entrada de mais de 200 caminhões de ajuda humanitária, em direção a Lugansk, uma das cidades dominadas pelas milícias separatistas pró-Rússia, na região da Crimeia.
Ucrânia comemora dia nacional com marcha militar e desafia Rússia
Segundo Lavrov, o governo ucraniano já foi avisado sobre o novo comboio. O chefe da diplomacia russa disse que o governo ucraniano já sabia sobre o envio dos primeiros caminhões de ajuda humanitária desde o dia 12 de agosto.
O ministro afirmou que os primeiros caminhões russos que chegaram a Lugansk começaram a distribuição das provisões à população civil, nesta segunda-feira.
O trabalho é acompanhado por representantes da Cruz Vermelha. Lavrov também classificou como "ridícula" a informação da Ucrânia, de que teria, na última semana, seqüestrado dois blindados russos, comprovando o apoio aos separatistas.
Acordo bilateral
Apesar do tom crítico, o ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que o país está pronto para resolver, de qualquer forma, a crise com a Ucrânia. Os presidentes de Rússia e Ucrânia, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, se encontram nesta terça-feira, em Minsk, para uma reunião com membros da UE (União Europeia).
"Estamos preparados para qualquer formato de acordo que produza resultados para o encerramento do conflito militar e da guerra civil", disse Lavrov.
"A Rússia está pronta a trabalhar tanto com o quarteto da Normandia (encontro realizado em junho entre Rússia, França, Alemanha e Ucrânia), como no formato de Genebra (Rússia, Ucrânia, EUA e União Europeia). O importante é que o formato não substitua a substância", disse o ministro da Rússia.
Ucrânia e rebeldes trocam acusações sobre ataque a comboio de refugiados
Ministro da Ucrânia pede ajuda militar da Otan e União Europeia
Lavrov também comentou sobre a possibilidade de Federica Mogherini, ministra das Relações Exteriores italiana em ser nomeada chefe da diplomacia da UE. "Nos vimos apenas uma vez, quando discutimos a crise na Ucrânia, em Moscou. Mas acho que conseguiremos encontrar compromissos."
Ao ter seu nome indicado para o cargo, em julho passado, Mogherini foi acusada por alguns países do leste europeu, como a Polônia, de ser conivente com a atual política externa russa.
A UE deverá emprestar ao governo italiano 125 milhões de euros (R$ 376 milhões) em ajuda às indústrias de alimentos, que sofreram embargo da Rússia. Segundo o ministro de políticas Agrícolas do país, Maurizio Martina , outras parcelas de empréstimos deverão ser feitos.
Ucrânia na UE
Segundo Oleksandr Turcinov, presidente do Parlamento ucraniano, enquanto trabalha para resolver a crise na Crimeia e com a Rússia, o país se esforça para fazer parte da União Europeia e na Otan. Informou a agência Interfax.
Conflitos
Segundo o exército ucraniano, uma coluna de aproximadamente 30 veículos armados violou a fronteira do país, na região de Sherbak-Novoazovsk. Alguns veículos teriam sido bloqueados pelo exército, mas alguns blindados teriam conseguido invadir o território ucraniano.
O episódio vai de encontro à informação divulgada pelas milícias separatistas pró-Rússia, que teriam aumentado a ofensiva contra tropas ucranianas.