Obama quer fazer reforma na lei de imigração
APSeis senadores republicanos ameaçaram nesta quarta-feira (5) usar "todos os meios necessários" para forçar o Senado a atuar contra os planos sobre imigração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prometeu adotar medidas executivas antes do final do ano.
Em carta enviada hoje ao até agora líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, os senadores republicanos pediram que trabalhe com eles para frear Obama e advertiram das "consequências" se não fizer nada.
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"Escrevemos para expressar nosso alarme sobre o presidente Obama ter anunciado sua intenção de tomar medidas unilaterais antes do fim do ano para 'anistiar' imigrantes que entraram em nosso país ilegalmente", assinalou a carta.
"Como líder da maioria do Senado, tem a responsabilidade de não representar só os cidadãos de seu estado, mas também de proteger a Constituição pondo em prática o sistema de separação de poderes prevista em nossa Constituição", acrescentaram os senadores.
Em várias ocasiões, os republicanos criticaram o uso que Obama fez das ordens executivas para colocar em vigor iniciativas estagnadas na Câmara dos Representantes, onde agora os republicanos aumentaram seu controle.
"Se o senhor se negar a defender o Senado e a Constituição dos excessos do executivo, os senadores signatários utilizarão todas as medidas processuais necessárias", ameaçou o senador do Texas Ted Cruz.
Os republicanos prometem tomar medidas, sem dizer quais, durante as "sessões do pato coxo" ("lame-duck session"), termo que se refere ao hiato entre a eleição dos novos deputados e senadores e sua posse.
Esse período começa agora e, nele, está previsto que o Capitólio aprove algumas despesas, que os republicanos poderiam bloquear para pressionar Obama e evitar que ele realmente assine sua ação executiva. Além de Cruz, a carta também foi assinada pelos senadores Mike Crapo (Idaho), Mike Lee (Utah), Pat Roberts (Kansas), Jeff Sessions (Alabama), e David Vitter (Louisiana).
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou nesta quarta-feira (5) que antes do final do ano tomará ações executivas para melhorar o sistema de imigração do país e prometeu que essas medidas ficarão sem validade se o Congresso aprovar uma reforma migratória que conte com seu respaldo.
"Antes que acabe o ano tomarei as ações legais que possa tomar para melhorar o sistema migratório", disse Obama em entrevista coletiva na qual reagiu à vitória republicana nas eleições legislativas desta terça-feira.
"Estas ações serão substituídas e suplantadas por uma ação do Congresso. Enviem-me uma lei que possa assinar e estas ações executivas desaparecerão", acrescentou.
Obama assegurou que entrará em contato com o futuro líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, e com o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, "para ver se querem aprovar uma lei" de reforma migratória, mas o que não vai fazer é "simplesmente esperar" que o Congresso atue.
"Não tenho dúvidas que haverá alguns republicanos zangados ou frustrados por qualquer ação executiva que eu possa tomar. Trata-se de gente que se opõe profundamente à reforma migratória em qualquer forma", comentou.
No entanto, o presidente assegurou que, longe de interpretar suas ações executivas como um ataque, os republicanos deveriam vê-las como "um incentivo para que tentem fazer algo" relativo à reforma migratória.
Obama se pronunciou assim ao ser questionado sobre as declarações de McConnell, que disse hoje em entrevista coletiva que seria "um grande erro" que Obama tome ações executivas em matéria de imigração, porque "envenenaria o ambiente" para avançar legislativamente nesta matéria.
O presidente prometeu em junho que atuaria nos próximos meses para regular o sistema migratório do país por sua conta, mas depois estendeu o prazo de sua decisão até o final do ano, a fim de não prejudicar alguns democratas nas eleições legislativas realizadas ontem.
As ações que Obama poderia tomar vão desde estender o alcance do programa de Ação Diferida (DACA), que protege jovens imigrantes ilegais da deportação, até ampliar o número de vistos de residência concedidos por ano no país.