Sérvios do norte do Kosovo rejeitam o acordo entre Belgrado e Pristina

Belgrado, 20 abr (EFE).- O acordo de normalização das relações entre Sérvia e Kosovo, fechado na sexta-feira, é rejeitado pelos sérvios que vivem no norte desta região por considerarem que o pacto, que a princípio lhes outorga certa autonomia, é prejudicial para seus interesses. "A Polícia e a Justiça funcionarão, segundo esses acordos, em conformidade com as leis kosovares, e isso é uma retirada definitiva do Estado da Sérvia desses âmbitos", declarou à imprensa Krstimir Pantic, um dos líderes dos sérvios do norte, que seguem negando-se a aceitar a autoridade de Pristina. Pantic anunciou para a segunda-feira um protesto na cidade de Kosovska Mitrovica contra o acordo alcançado ontem em Bruxelas entre o primeiro-ministro sérvio, Ivica Dacic, e o kosovar, Hashim Thaçi, após dez rodadas do difícil diálogo auspiciado pela União Europeia (UE). Espera-se que os servo-kosovares decidam nessa manifestação a criação de uma Assembleia do norte do Kosovo, uma instituição não contemplada no acordo oficial. Dacic negou que o acordo suponha reconhecer a independência de sua ex-província e disse que essa interpretação é usada pelas autoridades kosovares para mostrar ao seu público que triunfaram nessas negociações. O acordo assinado ontem em Bruxelas ainda tem de obter o sinal verde dos Governos da Sérvia e do Kosovo, o que deve acontecer na segunda-feira. O compromisso tem 15 pontos, centrados principalmente na autonomia para os sérvios que vivem no Kosovo e nas competências que assumirão os municípios com maioria sérvia. Diferentes veículos da imprensa informaram que o acordo inclui a criação de um Governo e um Parlamento próprios com controle sobre a economia, a educação e a saúde. Além disso, garante a presença de agentes e comandantes sérvios na Polícia do Kosovo. O acordo também cria um sistema judiciário próprio, com juízes e promotores sérvios para tratar dos assuntos dessas comunidades. Outro ponto do acordo se refere à realização, ainda este ano, de eleições municipais e a criação de um plano para aplicar os diferentes aspectos do acordo. As duas partes se comprometem também a não bloquear seus respectivos acessos à UE, embora a Sérvia tenha evitado dar sua aprovação expressa à entrada do Kosovo em organismos internacionais. A Sérvia perdeu o controle do Kosovo em 1999, após os bombardeios da Otan que puseram fim a um conflito entre uma guerrilha separatista albano-kosovar e as forças de Belgrado. Em 2008, o Kosovo, de contundente maioria albanesa, proclamou sua independência, reconhecida pelos Estados Unidos e a maioria dos sócios da UE, mas não pela Sérvia e por potências como Rússia e China. EFE Sn/pa